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quinta-feira, 5 de junho de 2014

Uma visão vasta e colorida do Universo através do Hubble

Crédito: NASA, ESA, H. Teplitz and M. Rafelski (IPAC/Caltech), A. Koekemoer (STScI), R. Windhorst (Arizona State University), and Z. Levay (STScI)
 Astrônomos usando o Telescópio Espacial Hubble capturaram a mais completa imagem já montada do Universo em evolução — e uma das mais coloridas. O estudo é chamado de “Ultraviolet Coverage of the Hubble Ultra Deep Field” (UVUDF). 

 Antes desse estudo, os astrônomos estavam em uma posição curiosa. Eles sabiam muito sobre a formação de estrelas que ocorre em galáxias próximas, graças aos telescópios de UV, como o Observatório Galex da NASA que operou de 2003 a 2013. 

 E, graças à capacidade do Hubble em obter imagens do visível até próximo ao infravermelho, eles também estudaram o nascimento das estrelas nas galáxias mais distantes. Vemos essas galáxias distantes em seus estágios mais primitivos, devido à grande quantidade de tempo que a sua luz leva para chegar até nós. 

 No entanto, entre 5 e 10 bilhões de anos-luz de distância de nós — o que corresponde a um período de tempo em que a maioria das estrelas no Universo nasceu — faltavam dados necessários para compreender plenamente a formação estelar. 

 As mais quentes, de maior massa e as mais jovens estrelas, que emitem luz ultravioleta, foram muitas vezes negligenciadas como sujeitas à observação direta, deixando uma lacuna importante no nosso conhecimento sobre a linha do tempo cósmico. 

 A adição de dados em ultravioleta para o Hubble Ultra Deep Field, usando a Wide Field Camera 3 do Hubble, deu aos astrônomos o acesso à observações diretas das regiões de formação estelar não obscurecidas, e pode nos ajudar a compreender como as estrelas se formaram. 

 Ao observar esses comprimentos de onda, os pesquisadores conseguiram uma visão direta sobre quais galáxias estão formando estrelas e, tão importante, onde as estrelas estão se formando. Isso permite aos astrônomos entenderem como as galáxias como a Via Láctea crescem em tamanho, desde pequenas coleções de estrelas muito quentes até as massivas estruturas que elas são hoje. 

 O pedaço do céu nessa imagem já havia sido previamente estudado por astrônomos em uma série de exposições do visível ao próximo do infravermelho, feitas de 2004 a 2009: o Hubble Ultra Deep Field. Agora, com a adição de luz ultravioleta, eles combinaram uma gama de cores disponíveis para o Hubble, que se estende desde o ultravioleta até próximo ao infravermelho.

 A imagem resultante, feita com 841 órbitas de tempo de observação do telescópio, contém cerca de 10,000 galáxias, chegando a poucas centenas de milhões de anos do Big Bang. Como a atmosfera do planeta Terra filtra a maior parte da luz ultravioleta, este trabalho só pôde ser realizado com um telescópio espacial como o Hubble. 

 Crédito: NASA, ESA, and G. Bacon (STScI) Reconhecimento: H. Teplitz and M. Rafelski (IPAC/Caltech), A. Koekemoer (STScI), R. Windhorst (Arizona State University), and Z. Levay (STScI)

Pesquisas em ultravioleta como essa são extremamente importantes no planejamento do Telescópio Espacial James Webb (JWST), já que o Hubble é, atualmente, o único telescópio capaz de obter os dados em ultravioleta que os pesquisadores precisarão para combinar com os dados em infravermelho do JWST. 

 A imagem Hubble Ultra Deep Field de 2014 é um composto de exposições separadas feitas entre 2003 e 2012 com Advanced Camera for Surveys e a Wide Field Camera 3 do Hubble.

‣ Fonte (em inglês): Hubble
Colaboração: Ivan Lopes

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Um enxame estelar em Carina

Esta nova imagem colorida obtida pelo telescópio MPG/ESO de 2,2 metros, instalado no Observatório de La Silla do ESO, no Chile, mostra o enxame estelar NGC 3590. As estrelas brilham intensamente sobre uma paisagem de zonas escuras de poeira e nuvens coloridas de gás brilhante. Este pequeno enxame fornece aos astrônomos pistas sobre a formação e evolução das estrelas — para além de ajudar a compreender melhor a estrutura dos braços em espiral da nossa galáxia. Crédito: ESO/G. Beccari
 Esta nova imagem colorida obtida pelo telescópio MPG/ESO de 2,2 metros, instalado no Observatório de La Silla do ESO, no Chile, mostra o enxame estelar NGC 3590. As estrelas brilham intensamente sobre uma paisagem de zonas escuras de poeira e nuvens coloridas de gás brilhante.

 Este pequeno enxame fornece aos astrônomos pistas sobre a formação e evolução das estrelas — para além de ajudar a compreender melhor a estrutura dos braços em espiral da nossa galáxia. A NGC 3590 é um pequeno enxame estelar aberto situado a cerca de 7,500 anos-luz de distância da Terra, na constelação de Carina (a Quilha).

 Trata-se de um conjunto de dúzias de estrelas ligadas de forma ligeira pela gravidade, com cerca de 35 milhões de anos de idade. Este enxame não é apenas bonito; é também muito útil aos astrônomos.

 Ao estudar este enxame em particular — e outros próximos dele — os astrônomos podem explorar as propriedades do disco espiral da nossa galáxia, a Via Láctea. A NGC 3590 situa-se no maior segmento de um braço em espiral que pode ser visto a partir da nossa posição na galáxia: a espiral de Carina.

Este mapa mostra a constelação Carina, a quilha do navio Argus de Jason e os Argonautas. Estão assinaladas a maioria das estrelas visíveis a olho nu numa noite límpida e escura. O pequeno enxame estelar NGC 3590 está igualmente marcado. Este enxame pode ser visto através de um pequeno telescópio amador, apresentando-se como um pequeno nó de estrelas ténues numa região rica em estrelas da Via Láctea austral. Crédito: ESO, IAU and Sky & Telescope
 A Via Láctea possui vários braços em espiral, correntes longas e encurvadas de gás e estrelas, que se estendem desde o centro galáctico. Estes braços — dois principais com muitas estrelas e dois secundários menos populares — têm o nome das constelações onde são mais proeminentes.

 A espiral de Carina pode ser vista da Terra como uma zona do céu densamente popular de estrelas, no braço secundário de Carina-Sagitário.

 O nome deste braço — Carina ou a Quilha — é bastante apropriado. Estes braços em espiral são na realidade ondas de gás e estrelas acumuladas que varrem o disco galáctico, dando origem a episódios de formação estelar intensa e deixando enxames como o NGC 3590 atrás de si.

 Descobrir e observar estrelas jovens como as que se encontram no NGC 3590, é uma maneira de determinar as distâncias às diferentes zonas do braço em espiral, o que por sua vez nos informa sobre a sua estrutura.

 Os enxames abertos típicos podem conter desde umas dezenas até a alguns milhares de estrelas e fornecer aos astrônomos pistas sobre a evolução estelar. As estrelas presentes num enxame como o NGC 3590 nascem todas praticamente ao mesmo tempo da mesma nuvem de gás, o que torna os enxames locais perfeitos para testar as teorias de formação e evolução estelar.

Esta sequência zoom começa com uma vista alargada da Via Láctea austral, aproximando-se gradualmente de uma região do céu rica em estrelas na constelação Carina (a Quilha). A imagem final muito colorida foi obtida pelo telescópio MPG/ESO de 2,2 metros, no Observatório de La Silla, Chile, e mostra o enxame estelar NGC 3590. Estas estrelas brilham intensamente sobre uma paisagem de zonas escuras de poeira e nuvens coloridas de gás brilhante. Este pequeno enxame fornece aos astrônomos pistas sobre a formação e evolução das estrelas — para além de ajudar a compreender melhor a estrutura dos braços em espiral da nossa galáxia. Crédito: ESO/G. Beccari/Nick Risinger (skysurvey.org). Música: movetwo

 A imagem obtida pelo instrumento Wide Field Imager (WFI) montado no telescópio MPG/ESO de 2,2 metros, em La Silla, mostra o enxame e as nuvens de gás que o rodeiam, as quais brilham em tons vermelhos e alaranjadas devido à radiação emitida pelas estrelas quentes mais próximas.

 O grande campo de visão do WFI capturou igualmente um número enorme de estrelas de fundo. Para obter a imagem foram feitas várias observações utilizando diferentes filtros para capturar as diferentes cores.

 A imagem foi criada a partir de dados obtidos na região visível e infravermelha do espectro eletromagnético, sendo sido utilizado igualmente um filtro especial para capturar separadamente a radiação emitida pelo hidrogênio. Os quatro braços em espiral chamam-se braços de Carina-Sagitário, Norma, Escudo-Centauro e Perseus.

Este vídeo panorâmico mostra em detalhe a nova imagem colorida do enxame estelar NGC 3590, obtida pelo telescópio MPG/ESO de 2,2 metros, no Observatório de La Silla do ESO, no Chile. As estrelas brilham intensamente sobre uma paisagem de zonas escuras de poeira e nuvens coloridas de gás brilhante. Este pequeno enxame fornece aos astrônomos pistas sobre a formação e evolução das estrelas — para além de ajudar a compreender melhor a estrutura dos braços em espiral da nossa galáxia. Crédito: ESO/G. Beccari. Música: movetwo

 O ESO é a mais importante organização europeia intergovernamental para a pesquisa em astronomia e é o observatório astronômico mais produtivo do mundo. O ESO é financiado por 15 países: Alemanha, Áustria, Bélgica, Brasil, Dinamarca, Espanha, Finlândia, França, Holanda, Itália, Portugal, Reino Unido, República Checa, Suécia e Suíça.

 O ESO destaca-se por levar a cabo um programa de trabalhos ambicioso, focado na concepção, construção e funcionamento de observatórios astronômicos terrestres de ponta, que possibilitam aos astrônomos importantes descobertas científicas. O ESO também tem um papel importante na promoção e organização de cooperação nas pesquisas astronômicas.

 O ESO mantém em funcionamento três observatórios de ponta, no Chile: La Silla, Paranal e Chajnantor. No Paranal, o ESO opera o Very Large Telescope, o observatório astronômico óptico mais avançado do mundo e dois telescópios de rastreio.

 O VISTA, o maior telescópio de rastreio do mundo que trabalha no infravermelho e o VLT Survey Telescope, o maior telescópio concebido exclusivamente para mapear os céus no visível. O ESO é o parceiro europeu do revolucionário telescópio ALMA, o maior projeto astronômico que existe atualmente.

 O ESO está planejando o European Extremely Large Telescope, E-ELT, um telescópio de 39 metros que observará na banda do visível e infravermelho próximo. O E-ELT será “o maior olho do mundo virado para o céu”.

‣ Fonte: ESO

quarta-feira, 14 de maio de 2014

Resolvido o mistério da formação de estrelas magnéticas?

Esta impressão artística mostra a estrela magnética no enxame estelar jovem Westerlund 1. Este enxame contém centenas de estrelas de massa muito elevada, algumas das quais resplandecendo com o brilho equivalente a quase um milhão de sóis. Astrônomos europeus demonstraram, pela primeira vez, que está estrela magnética — um tipo invulgar de estrela de neutrões com um campo magnético extremamente poderoso — se formou, muito provavelmente, num sistema estelar binário. A descoberta da anterior companheira da estrela magnética num local diferente do enxame, ajuda a resolver o mistério de como é que uma estrela que começou por possuir uma massa tão elevada pôde dar origem a uma estrela magnética, em vez de colapsar sob a forma de um buraco negro. Crédito: ESO/L. Calçada
 As estrelas magnéticas são os estranhos restos extremamente densos que resultam de explosões de supernovas. São os objetos com o campo magnético mais poderoso que se conhecem no Universo — milhões de vezes mais potentes que os mais fortes imãs na Terra.

 Uma equipa de astrônomos, usando o Very Large Telescope (VLT) do ESO, descobriu pela primeira vez a estrela companheira de uma estrela magnética.

 Esta descoberta ajuda a explicar como é que estes objetos se formam — um debate que já dura 35 anos — e porque é que esta estrela tão particular não colapsou para formar um buraco negro, como seria de esperar.

 Quando uma estrela de massa muito elevada colapsa sob o efeito da sua própria gravidade durante a explosão de uma supernova, dá origem a uma estrela de neutrões ou a um buraco negro. As estrelas magnéticas são uma forma peculiar e muito exótica de estrela de neutrões.

 Tal como todos estes objetos estranhos, as estrelas magnéticas são muito pequenas e possuem campos magnéticos extremamente potentes. As superfícies destes objetos emitem enormes quantidades de raios gama quando sofrem um ajustamento súbito chamado “tremor de estrela”, resultado das enormes forças a que as suas crostas estão sujeitas.

Esta imagem do enxame estelar jovem Westerlund 1 foi obtida com o instrumento Wide Field Imager montado no telescópio MPG/ESO de 2,2 metros, no Observatório de La Silla do ESO, no Chile. Apesar da maioria das estrelas do enxame serem supergigantes azuis quentes, na imagem aparecem avermelhadas porque estamos a observá-las através de poeira e gás interestelar. Astrônomos europeus demonstraram, pela primeira vez, que está estrela magnética — um tipo invulgar de estrela de neutrões com um campo magnético extremamente poderoso — se formou, muito provavelmente, num sistema estelar binário. A descoberta da anterior companheira (Westerlund 1-5) da estrela magnética num local diferente do enxame, ajuda a resolver o mistério de como é que uma estrela que começou por possuir uma massa tão elevada pôde dar origem a uma estrela magnética, em vez de colapsar sob a forma de um buraco negro. Crédito: ESO
 O enxame estelar Westerlund 1, situado a 16,000 anos-luz de distância na constelação austral do Altar, acolhe uma das duas dúzias de estrelas magnéticas conhecidas na Via Láctea. É a chamada CXOU J16470.2-455216, que muito tem intrigado os astrônomos.

 “O nosso trabalho anterior mostrou que a estrela magnética no enxame Westerlund 1 deve ter nascido de uma explosão de uma estrela moribunda com cerca de 40 vezes a massa do Sol, o que em si mesmo constitui um problema, já que se pensa que estrelas com estes valores de massa colapsem para dar origem a buracos negros e não a estrelas de neutrões”.

 “Na altura não percebemos como é que este objeto poderia ter originado uma estrela magnética”, diz Simon Clark, autor principal do artigo que descreve estes resultados.

Esta imagem do enxame estelar jovem Westerlund 1 foi obtida com o instrumento Wide Field Imager montado no telescópio MPG/ESO de 2,2 metros, no Observatório de La Silla do ESO, no Chile. Apesar da maioria das estrelas do enxame serem supergigantes quentes azuis, na imagem aparecem avermelhadas uma vez que as estamos a observar através de poeira e gás interestelar. Crédito: ESO
 Os astrônomos propuseram uma solução para este mistério, sugerindo que a estrela magnética se teria formada a partir das interações entre duas estrelas de elevada massa que orbitariam em torno uma da outra num sistema binário tão compacto que caberia no interior da órbita da Terra em torno do Sol.

 No entanto, até agora não tinha sido detectada nenhuma estrela companheira na posição da estrela magnética de Westerlund 1. Por isso, os astrônomos utilizaram o VLT para a procurarem noutras regiões deste enxame.

 Fizeram uma busca de estrelas fugidias — objetos que escapam do enxame com velocidades muito elevadas — que poderiam ter sido ejetadas para fora da sua órbita pela explosão de supernova que deu origem à estrela magnética. Uma estrela, chamada Westerlund 1-5, parece corresponder aos critérios de busca dos astrônomos.

“Esta estrela não só possui um movimento consistente com o fato de ter recebido um ‘pontapé’ da supernova mas é também demasiado brilhante para ter nascido como estrela isolada”.

“Mais ainda, possui uma composição rica em carbono altamente invulgar, impossível de obter numa estrela única — uma pista importante que nos mostra que se deve ter formado originalmente com uma companheira num binário de estrelas”, acrescenta Ben Ritchie (Open University), um dos autores do novo artigo científico.

Esta imagem de grande angular, criada a partir de dados do Digitized Sky Survey 2, está centrada no enxame estelar Westerlund 1 situado na constelação do Altar. O enxame, que nos aparece como um nó denso alaranjado no centro da imagem, é muito jovem e contém estrelas azuis de elevada massa, quentes e extremamente brilhantes. Apesar disso, a radiação emitida por estas estrelas é muito atenuada, tornando-se vermelha, devido a uma nuvem densa de poeira que se situa entre o enxame e a Terra. Esta região da Via Láctea é muito rica e podemos ver na imagem um grande número de estrelas, assim como muitas nuvens de poeira. Crédito: ESO/Digitized Sky Survey 2 Acknowledgment: Davide De Martin
 Esta descoberta permitiu aos astrônomos reconstruir a história da vida estelar que deu origem à formação da estrela magnética, em vez do esperado buraco negro.

 Na primeira fase deste processo, a estrela de maior massa do par começa a ficar sem combustível, transferindo as suas camadas mais exteriores para a companheira de menor massa — que está destinada a tornar-se uma estrela magnética — e fazendo com que esta rode cada vez mais depressa.

 Esta rotação rápida parece ser o ingrediente essencial na formação do campo magnético muito intenso da estrela magnética. Numa segunda fase, e como resultado desta transferência de matéria, a companheira fica com tanta massa que, por sua vez, descarta uma enorme quantidade desta matéria recém adquirida.

 A maior parte dessa massa perde-se no espaço mas uma pequena quantidade volta à estrela original que vemos ainda hoje a brilhar, a Westerlund 1-5.

 “É este processo de troca de material que conferiu à Westerlund 1-5 uma assinatura química tão invulgar e permitiu que a massa da sua companheira diminuísse para níveis suficientemente baixos, dando assim origem a uma estrela magnética em vez de um buraco negro — um jogo da ‘batata quente’ estelar com consequências cósmicas!” conclui o membro da equipa Francisco Najarro (Centro de Astrobiologia, Espanha). 

Neste vídeo voamos através do jovem enxame estelar Westerlund 1, aproximando-nos da estranha estrela magnética que se situa no seu interior. Este enxame estelar contém centenas de estrelas de massa muito elevada, algumas das quais resplandecendo com o brilho equivalente a quase um milhão de sóis. Astrônomos europeus demonstraram, pela primeira vez, que está estrela magnética — um tipo invulgar de estrela de neutrões com um campo magnético extremamente poderoso — se formou a partir de uma estrela com pelo menos 40 vezes a massa do Sol. Crédito: ESO/L. Calçada
 Assim, o fato de uma estrela pertencer a um binário parece ser um ingrediente essencial na confecção de uma estrela magnética.

 A rotação rápida criada pela transferência de matéria entre as duas estrelas é necessária para dar origem ao campo magnético extremamente intenso e uma segunda fase de transferência de material faz com que a estrela destinada a tornar-se uma estrela magnética “emagreça” o suficiente para não colapsar sob a forma de buraco negro no momento da sua morte.

 O enxame aberto Westerlund 1 foi descoberto na Austrália em 1961 pelo astrônomo sueco Bengt Westerlund, que mais tarde se mudou para o Chile para assumir o cargo de Diretor do ESO entre 1970 e 1974. Este enxame encontra-se por detrás de uma enorme nuvem de gás e poeira, que bloqueia a maioria da radiação visível emitida.

 O fator de escurecimento é mais de 100,000, tendo sido esta a razão pela qual se demorou tanto tempo a descobrir a verdadeira natureza deste enxame tão peculiar. O Westerlund 1 é um autêntico laboratório natural para o estudo da física estelar extrema, ajudando os astrônomos a descobrir como é que as estrelas de maior massa da Via Láctea vivem e morrem.

 A partir de observações, os astrônomos concluíram que este enxame contém, muito provavelmente, não menos de 100,000 vezes a massa do Sol, e que todas as suas estrelas se situam numa região com uma dimensão inferior a 6 anos-luz.

 O Westerlund 1 parece assim ser o enxame jovem de maior massa mais compacto identificado até agora na Via Láctea. Todas as estrelas deste enxame que até agora foram analisadas têm massas de, pelo menos, 30 a 40 vezes a massa do Sol.

 Uma vez que tais estrelas têm vidas relativamente curtas — em termos astronômicos — conclui-se que o Westerlund 1 deve ser muito jovem, com uma idade determinada pelos astrônomos entre 3,5 e 5 milhões de anos, o que o torna claramente um enxame recém nascido na nossa galáxia.

 A designação completa desta estrela é CI* Westerlund 1 W 5. À medida que as estrelas envelhecem, as reações nucleares que ocorrem no seu interior modificam a sua composição química — os elementos que alimentam as reações gastam-se, enquanto que os produtos das reações se vão acumulando.

 Esta impressão digital química é inicialmente rica em hidrogênio e azoto e pobre em carbono. É apenas numa idade muito mais avançada das estrelas que a concentração de carbono aumenta, altura em que o hidrogênio e o azoto já estão severamente reduzidos.

 Pensa-se que é impossível que uma estrela isolada seja simultaneamente rica em hidrogênio, azoto e carbono, como é o caso da Wd 1-5.

Artigo científico:

 A equipa é composta por Simon Clark e Ben Ritchie (The Open University, RU), F. Najarro (Centro de Astrobiologia, Espanha), Norbert Langer (Universität Bonn, Alemanha, e Universiteit Utrecht, Holanda) e Ignacio Negueruela (Universidad de Alicante, Espanha).

 Os astrônomos utilizaram o instrumento FLAMES montado no Very Large Telescope do ESO no Paranal, Chile, para estudarem as estrelas no enxame Westerlund 1.

 O ESO é a mais importante organização europeia intergovernamental para a pesquisa em astronomia e é o observatório astronômico mais produtivo do mundo. O ESO é financiado por 15 países: Alemanha, Áustria, Bélgica, Brasil, Dinamarca, Espanha, Finlândia, França, Holanda, Itália, Portugal, Reino Unido, República Checa, Suécia e Suíça.

 O ESO destaca-se por levar a cabo um programa de trabalhos ambicioso, focado na concepção, construção e funcionamento de observatórios astronômicos terrestres de ponta, que possibilitam aos astrônomos importantes descobertas científicas. O ESO também tem um papel importante na promoção e organização de cooperação nas pesquisas astronômicas.

 O ESO mantém em funcionamento três observatórios de ponta, no Chile: La Silla, Paranal e Chajnantor. No Paranal, o ESO opera o Very Large Telescope, o observatório astronômico óptico mais avançado do mundo e dois telescópios de rastreio.

 O VISTA, o maior telescópio de rastreio do mundo que trabalha no infravermelho e o VLT Survey Telescope, o maior telescópio concebido exclusivamente para mapear os céus no visível. O ESO é o parceiro europeu do revolucionário telescópio ALMA, o maior projeto astronômico que existe atualmente.

 O ESO está planejando o European Extremely Large Telescope, E-ELT, um telescópio de 39 metros que observará na banda do visível e infravermelho próximo. O E-ELT será “o maior olho do mundo virado para o céu”.

‣ Fonte: ESO

quarta-feira, 7 de maio de 2014

Dentro da Nebulosa da Chama

Créditos da imagem: Em raios-X: NASA/CXC/PSU/K.Getman, E.Feigelson, M.Kuhn e a equipe Mystix & em infravermelho: NASA/JPL-Caltech
 Estrelas nascem muitas vezes em grupos e em nuvens gigantes de gás e poeira. Os astrônomos estudaram dois aglomerados de estrelas usando o Observatório de Raios-X Chandra da NASA e outros telescópios infravermelhos, e os resultados mostram que as ideias mais simples para o nascimento destes aglomerados não funcionam como descrito no último comunicado à imprensa.

 Esta imagem composta mostra um desses aglomerados, a NGC 2024, que se encontra no centro da Nebulosa da Chama, a cerca de 1,400 anos-luz da Terra. Nesta imagem, os raios-X capturados por Chandra são vistos na cor roxa, enquanto os dados em infravermelho capturados pelo Telescópio Espacial Spitzer também da NASA são representados nas cores vermelha, verde e azul.

 Um estudo de NGC 2024 e da Nebulosa de Órion, outra região onde muitas estrelas estão se formando, sugerem que as estrelas na periferia destes aglomerados são mais velhas do que as da região central. Isso é diferente do que a ideia mais simples de formação estelar prediz, onde nascem as estrelas pela primeira vez no centro de uma nuvem em colapso de gás e poeira quando a densidade é grande o suficiente.

 Uma equipe de pesquisas desenvolveu um processo de duas etapas para fazer essa descoberta. Primeiro, eles utilizaram os dados do Telescópio Chandra sobre o brilho das estrelas em raios-X para determinar suas massas.

 Em seguida, eles descobriram o quão brilhante estas estrelas estavam em luz infravermelha usando dados do Spitzer, do Telescópio 2MASS e do Telescópio Infravermelho do Reino Unido. Combinando estas informações com modelos teóricos, as idades das estrelas ao longo dos dois aglomerados puderam ser estimadas.

 De acordo com os novos resultados, as estrelas no centro da NGC 2024 possuem cerca de 200.000 anos, enquanto aquelas na periferia têm cerca de 1,5 milhões de anos de idade. Em Órion, a extensão de idade passou de 1.200 anos no meio do aglomerado, e de quase 2 milhões de anos para as estrelas em direção às bordas.

 As explicações para as novas descobertas podem ser agrupadas em três categorias gerais. A primeira, é que a formação de estrelas continua a ocorrer nas regiões interiores. Isso pode ter acontecido porque o gás nas regiões externas de uma nuvem de formação estelar é mais fino e mais difuso do que nas regiões interiores.

 Ao longo do tempo, se a densidade for inferior a um valor limiar, onde já não pode entrar em colapso para formar estrelas, a formação estelar cessará nas regiões exteriores, visto que as estrelas continuarão a se formar nas regiões do interior, o que conduzirá a uma concentração de estrelas jovens por lá.

 Outra sugestão é que as estrelas velhas tiveram mais tempo para afastar-se do centro do aglomerado, ou foram chutadas para fora por interações com outras estrelas.

 Por último, as observações poderiam explicar se as estrelas jovens são formadas em filamentos maciços de gás que caem em direção ao centro do aglomerado. A combinação dos dados de raios-X do Chandra e de dados em infravermelho é muito poderosa para o estudo de populações de estrelas jovens dessa forma.

 Com telescópios que detectam a luz visível, muitas estrelas são obscurecidas por poeira e gás nessas regiões de formação estelar, como mostra esta imagem óptica da região.

 Marshall Space Flight Center da NASA, em Huntsville, Alabama, gerencia o programa Chandra para a Diretoria de Missões Científicas da NASA em Washington. O Observatório Astrofísico Smithsonian, em Cambridge, Massachusetts, controla as operações científicas e de voo do Chandra.

‣ Fonte (em inglês): NASA
-Colaboração: Ivan Lopes

Assista ao vivo a Terra vista a partir do espaço


 Que tal reservar alguns instantes do seu dia para dar uma volta ao mundo a bordo da Estação Espacial Internacional? Com quatro câmeras HD instaladas na parte externa do laboratório espacial, a NASA disponibilizou a transmissão em tempo real das imagens do planeta Terra por meio da plataforma Ustream.

 Agora, o planeta Terra é transmitido ao vivo, direto do espaço, 24 horas por dia e 7 dias por semana. O novo experimento, chamado de High Definition Earth Viewing (HDEV), foi lançado no dia 18 de abril de 2014 no compartimento de carga da sonda Dragon da SpaceX e ajustado do lado de fora da Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês).

 O conjunto de quatro câmeras de vídeo HD está operacional, depois de ter sido instalado no External Payload Facility do módulo da ESA Columbus. O “reality show” científico, iniciado no dia 1º de maio, faz parte de um estudo que pretende analisar como a radiação solar afeta o funcionamento dos equipamentos no espaço.

 Para isso, as câmeras foram protegidas por um compartimento preenchido com nitrogênio seco e com temperatura controlada contra o ambiente hostil do espaço. Estudantes do ensino médio dos Estados Unidos ajudaram a desenvolver o design de alguns dos componentes da câmera, uma parceria idealizada pela NASA para estimular o interesse dos jovens pela ciência e tecnologia.

 As imagens captadas pelas câmeras são enviadas de volta para a base da NASA e reformatadas, possibilitando a transmissão por streaming. O passeio espacial rende belas imagens — como a Estação Espacial Internacional completa sua órbita pela Terra em 90 minutos, é possível acompanhar um “nascer do Sol” ou “pôr-do-Sol” a cada 45 minutos.

 A tela aparecerá preta quando a ISS estiver orbitando a parte noturna da Terra. Também existirão momentos do dia em que a câmera estará fora do ar e será necessário esperar um pouco para obter o sinal e a imagem. Isso acontece devido a alguns ajustes que serão feitos.

 Mas mesmo com esses pequenos problemas ter uma imagem ao vivo da Terra em alta definição é algo espetacular, ainda mais porque tudo isso faz parte de um projeto de estudantes. (Salve o link nos seus favoritos, acompanhe a posição da ISS: http://iss.astroviewer.net).

segunda-feira, 5 de maio de 2014

Acompanhe ao vivo a chuva de meteoros Eta Aquarídeos


 Os meteoros Eta Aquarídeos produz normalmente cerca de 30 meteoros por hora em seu pico. A chuva de meteoros atinge o auge em 06 de maio, embora alguns meteoros podem ser visíveis a partir de 19 de abril até 28 de maio.

 Procure por meteoros que irradiam da constelação de Aquarius, o melhor horário será a partir das 4 horas (horário de Brasília). Encontre um local escuro, longe das luzes da cidade.

 A Slooh irá transmitir a cobertura ao vivo da chuva começará ás 22 horas. O fluxo de imagem ao vivo a partir de Nova Iorque será acompanhado pelo especialista em áudio da Slooh e o astrônomo Bob Berman.