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quarta-feira, 30 de abril de 2014

Medida pela primeira vez a duração de um dia num exoplaneta

Esta impressão artística mostra o planeta a orbitar a jovem estrela Beta Pictoris. Este exoplaneta é o primeiro para o qual se mediu a taxa de rotação. O seu dia de oito horas corresponde a uma velocidade de rotação equatorial de 100.000 quilômetros por hora – muito mais rápido do que qualquer planeta do Sistema Solar. Crédito: ESO L. Calçada/N. Risinger (skysurvey.org)
 Com o auxílio de observações obtidas com o Very Large Telescope (VLT) do ESO conseguiu-se, pela primeira vez, determinar a taxa de rotação de um exoplaneta.

 Descobriu-se que Beta Pictoris b tem um dia que dura apenas 8 horas, um valor muito menor do que o observado em qualquer planeta no Sistema Solar – o equador do exoplaneta desloca-se a quase 100.000 quilômetros por hora.

 Este novo resultado permite estender aos exoplanetas a relação entre massa e rotação observada no Sistema Solar. Técnicas semelhantes permitirão aos astrônomos mapear exoplanetas com detalhes, no futuro, utilizando o European Extremely Large Telescope (E-ELT).

 O exoplaneta Beta Pictoris b orbita a estrela visível a olho nu Beta Pictoris, que se situa a cerca de 63 anos-luz de distância da Terra na constelação austral do Pintor. Este planeta foi descoberto há quase seis anos, tendo sido um dos primeiros exoplanetas para o qual se conseguiu obter uma imagem direta.

 Este objeto orbita a sua estrela a uma distância que é de apenas oito vezes a distância Terra-Sol – o que faz com que seja o exoplaneta mais próximo da sua estrela para o qual se obteve uma imagem direta.

Este gráfico mostra as velocidades de rotação de vários planetas do Sistema Solar e do planeta Beta Pictoris b. Crédito: ESO/I. Snellen (Leiden University)
 Com o auxílio do instrumento CRIRES montado no VLT, uma equipe de astrônomos holandeses da Universidade de Leiden e do Instituto Holandês de Investigação Espacial (SRON, acrônimo do holandês) descobriram que a velocidade de rotação equatorial do exoplaneta Beta Pictoris b é quase 100.000 quilômetros por hora.

 Comparativamente, o equador de Júpiter tem uma velocidade de cerca de 47.000 quilômetros por hora, enquanto o da Terra viaja a apenas 1700 quilômetros por hora. Beta Pictoris b é mais de 16 vezes maior que a Terra e possui 3,000 vezes mais massa que o nosso planeta, no entanto um dia neste exoplaneta dura apenas 8 horas.

 “Não sabemos por que é que alguns planetas giram mais depressa que outros”, diz o co-autor deste trabalho Remco de Kok.

 “Mas esta primeira medição da rotação de um exoplaneta mostra que a tendência observada no Sistema Solar de que os planetas de maior massa giram mais depressa, pode aplicar-se de igual modo aos exoplanetas, o que nos leva a pensar que este efeito deve ser alguma consequência universal do modo como os planetas se formam”.

A posição da estrela Beta Pictoris está assinalada com um círculo vermelho neste mapa da constelação do Pintor. Tal como indicado pelo seu nome, esta é a segunda estrela mais brilhante na constelação. Juntamente com a maioria das estrelas assinaladas neste mapa, Beta Pictoris pode ser vista a olho nu num céu escuro. Crédito: ESO, IAU and Sky & Telescope
 Beta Pictoris b é um planeta muito jovem, com cerca de 20 milhões de anos (comparativamente, a Terra tem 4,5 bilhões de anos de idade). Com o passar do tempo, espera-se que o exoplaneta arrefeça e encolha o que fará com que gire ainda mais depressa.

 Por outro lado, outros tipos de processos podem influenciar a variação da rotação de um planeta. Por exemplo, a rotação da Terra está diminuindo com o tempo, em consequência das interações de maré com a nossa Lua.

 Os astrônomos usaram uma técnica muito precisa chamada espectroscopia de alta dispersão para separar a luz nas suas cores constituintes – diferentes comprimentos de onda no espectro.

 O princípio do efeito Doppler (ou desvio de Doppler) permitiu que a equipe utilizasse a variação em comprimento de onda para detectar que as diferentes partes do planeta estavam se movendo a velocidades diferentes e em direções opostas relativamente ao observador.

 Retirando cuidadosamente os efeitos da estrela progenitora, muito mais brilhante, conseguiram extrair o sinal correspondente à rotação do planeta.

Com apenas 12 milhões de anos de idade, ou menos de três milionésimos da idade do Sol, Beta Pictoris tem 75% mais massa que a nossa estrela progenitora. Situa-se a cerca de 60 anos-luz de distância na direção da constelação do Pintor e é um dos melhores exemplos de uma estrela rodeada por um disco de poeira. Observações anteriores mostraram uma deformação no disco, um disco secundário inclinado e cometas a cair na estrela, tudo isto sinais indiretos, mas que sugerem fortemente a presença de um planeta de grande massa. Observações obtidas com o instrumento NACO, montado no Very Large Telescope do ESO, em 2003, 2008 e 2009, mostraram a presença de um planeta em torno de Beta Pictoris, situado a uma distância entre 8 a 15 vezes a distância entre a Terra e o Sol – as chamadas Unidades Astronômicas (UA) – o que corresponde a aproximadamente a distância de Saturno ao Sol. O planeta tem uma massa de cerca de nove vezes a massa de Júpiter, possuindo a massa e localização certas para explicar a deformação das partes internas do disco. Esta imagem foi criada a partir de dados do Digitized Sky Survey 2 e mostra uma região de aproximadamente 1,7 por 2,3 graus em torno de Beta Pictoris. Crédito: ESO/Digitized Sky Survey 2
 “Medimos os comprimentos de onda da radiação emitida pelo planeta com uma precisão de um sobre cem mil, o que faz com que as medições sejam sensível aos efeitos Doppler que nos revelam a velocidade dos objetos emissores”, diz o autor principal Ignas Snellen.

 “Usando esta técnica descobrimos que as diferentes partes da superfície do planeta se deslocam na nossa direção ou na direção oposta a velocidades diferentes, o que só pode significar que o planeta roda em torno do seu eixo”.

 Esta técnica está relacionada com a técnica de obtenção de imagens Doppler, usada já há várias décadas para mapear a superfície das estrelas e, recentemente, a de uma anã marrom – Luhman 16B.

 A rápida rotação de Beta Pictoris b significa que no futuro será possível fazer um mapa global do planeta, mostrando possíveis padrões de nuvens e tempestades.

 “Esta técnica pode ser utilizada numa amostra muito maior de exoplanetas com a excelente resolução e sensibilidade que terá o E-ELT e um espectrógrafo de imagem de alta dispersão”.

 “Com o instrumento METIS (Mid-infrared E-ELT Imager and Spectrograph) que está sendo planejado, seremos capazes de fazer mapas globais de exoplanetas e caracterizar planetas muito menores do que Beta Pictoris b”, diz o Investigador Principal do METIS e co-autor do novo artigo científico que descreve estes resultados, Bernhard Brandl.

 Beta Pictoris tem muitos outros nomes, por exemplo, HD 39060, SAO 234134 e HIP 27321. Beta Pictoris é um dos melhores exemplos de uma estrela rodeada por um disco de restos de matéria e poeira. Sabe-se que este disco tem uma extensão de cerca de 1,000 vezes a distância entre a Terra e o Sol.

 As observações usam a técnica de óptica adaptativa, que compensa os efeitos de turbulência da atmosfera terrestre. Este efeito faz com que as imagens obtidas, mesmo nos melhores locais de observação da Terra, fiquem distorcidas.

Esta sequência começa com uma vista alargada do céu austral, aproximando-se da estrela brilhante Beta Pictoris na constelação do Pintor. Esta estrela jovem encontra-se rodeada por um disco de poeira e tem também na sua órbita um planeta grande, que é o primeiro exoplaneta para o qual se mediu a rotação. A sua velocidade de rotação equatorial é de quase 100.000 quilômetros por hora – muito mais rápido do que qualquer planeta do Sistema Solar. Crédito: ESO/Digitized Sky Survey 2/Nick Risinger (skysurvey.org)/L. Calçada. Music: movetwo

 Esta técnica permite obter imagens extremamente nítidas, quase tão boas como as que se obtêm no espaço. Uma vez que Júpiter não tem uma superfície sólida a partir da qual se possa determinar a taxa de rotação do planeta, tomamos a velocidade de rotação da sua atmosfera equatorial, que é 47.000 quilômetros por hora.

 A velocidade de rotação da Terra no equador é de 1674,4 quilômetros por hora. Medições anteriores sugeriam que o sistema era mais novo. Este fato é uma consequência direta da conservação do momento angular e trata-se do mesmo fenômeno que faz com que uma patinadora artística no gelo gire mais depressa sobre si mesma quando junta os braços ao corpo.

 As anãs marrons são muitas vezes chamadas “estrelas fracassadas” uma vez que, ao contrário de estrelas como o Sol, nunca conseguem torna-se suficientemente quentes para darem início a reações de fusão nuclear.

 Este trabalho foi descrito no artigo científico “Fast spin of a young extrasolar planet”, de I. Snellen et al., que será publicado na revista Nature em 1 de maio de 2014, e pode ser visualizado logo abaixo.


 A equipe é composta por Ignas A. G. Snellen (Obervatório de Leiden, Universidade de Leiden, Leiden, Holanda), Remco J. de Kok (SRON Instituto Holandês de Investigação Espacial, Utrecht, Holanda), Ernst J. W. de Mooij (Observatório de Leiden) e Simon Albrecht (Department of Physics e Kavli Institute for Astrophysics and Space Research, Massachusetts Institute of Technology, EUA; Observatório de Leiden).

 O ESO é a mais importante organização europeia intergovernamental para a pesquisa em astronomia e é o observatório astronômico mais produtivo do mundo. O ESO é financiado por 15 países: Alemanha, Áustria, Bélgica, Brasil, Dinamarca, Espanha, Finlândia, França, Holanda, Itália, Portugal, Reino Unido, República Checa, Suécia e Suíça.

 O ESO destaca-se por levar a cabo um programa de trabalhos ambicioso, focado na concepção, construção e funcionamento de observatórios astronômicos terrestres de ponta, que possibilitam aos astrônomos importantes descobertas científicas. O ESO também tem um papel importante na promoção e organização de cooperação nas pesquisas astronômicas.

 O ESO mantém em funcionamento três observatórios de ponta, no Chile: La Silla, Paranal e Chajnantor. No Paranal, o ESO opera o Very Large Telescope, o observatório astronômico óptico mais avançado do mundo e dois telescópios de rastreio.

 O VISTA, o maior telescópio de rastreio do mundo que trabalha no infravermelho e o VLT Survey Telescope, o maior telescópio concebido exclusivamente para mapear os céus no visível. O ESO é o parceiro europeu do revolucionário telescópio ALMA, o maior projeto astronômico que existe atualmente.

 O ESO está planejando o European Extremely Large Telescope, E-ELT, um telescópio de 39 metros que observará na banda do visível e infravermelho próximo. O E-ELT será “o maior olho do mundo virado para o céu”.

‣ Fonte: ESO

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Acompanhe ao vivo o eclipse solar anelar a partir da Austrália


 A sombra da Lua nova tocará brevemente o planeta Terra, por ser num local longínquo (não visível no Brasil).

 Ainda assim, se você vive no continente Antártico dentro de poucas centenas de quilômetros da latitude sul de 79 graus 38.7 minutos, e da longitude leste de 131 graus 15.6 minutos, você poderá ver um eclipse anelar solar com o Sol logo acima do horizonte.

 Pelo fato da Lua estar se aproximando do apogeu, o ponto mais distante na sua órbita elíptica, seu tamanho aparente não será grande o suficiente para cobrir completamente o disco solar. Um raro, eclipse fora do centro, à fase anelar durará no máximo 49 segundos. Nesse ponto auge o Sol aparecerá como um anel de fogo.

 Por outro lado, um eclipse parcial do Sol com a Lua cobrindo no mínimo alguma parte do Sol será visto numa região bem mais ampla no hemisfério sul, incluindo parte da Austrália á tarde.

 A Slooh irá transmitir as fases parciais do eclipse solar anelar a partir da Austrália (se o clima no local estiver favorável). Cobertura começará nesta madrugada, 29 de abril a partir das 3 horas (horário de Brasília). O fluxo de imagens ao vivo será acompanhado por debates (em inglês) liderados pelo anfitrião da Slooh Geoff Fox e diretor do Observatório Paul Cox.

 A Slooh também irá contar com o especialista convidado Dr. Lucie Green, um colaborador da BBC e pesquisador solar no Mullard Space Science Laboratory.

sábado, 26 de abril de 2014

Os telescópios Spitzer e WISE da NASA encontraram a estrela mais fria próxima do Sol

Essa concepção artística mostra o objeto chamado WISE J085510.83-071442.5, a anã marrom mais fria já conhecida. Anãs marrons são corpos como estrelas fracas que não têm massa suficiente para queimar combustível nuclear como fazem as estrelas. Crédito: NASA/JPL-Caltech/Penn State University
 Os telescópios espaciais Wide-field Infrared Survey Explorer (WISE) e Spitzer da NASA descobriram o que parece ser a mais fria “anã marrom” conhecida – um corpo parecido com uma estrela fraca que, surpreendentemente, é tão gelado quanto o polo norte da Terra.

 As imagens dos telescópios também identificaram a distância do objeto que está a 7,2 anos-luz de distância, ganhando o título de quarto objeto mais próximo do nosso Sistema Solar. O sistema mais próximo, um trio de estrelas, é Alpha Centauri, a cerca de 4 anos-luz de distância.

 “É muito emocionante descobrir um novo vizinho que está tão perto do nosso Sistema Solar”, disse Kevin Luhman, astrônomo do Centro de Exoplanetas e Mundos Habitáveis da Universidade Estadual da Pensilvânia.

 “E dada a sua temperatura extrema, deve dizer-nos muito sobre as atmosferas de planetas, que muitas vezes têm temperaturas semelhantemente frias”.

Essa animação mostra a mais fria anã marrom já vista e o quarto sistema mais próximo do nosso Sol. Chamado de WISE J085510.83-071442.5, esse objeto escuro foi descoberto através do seu movimento rápido pelo céu. Crédito: NASA/JPL-Caltech/Penn State University
 Anãs marrons começam suas vidas como estrelas, como bolas de gás em colapso, mas falta-lhes massa para queimar combustível nuclear e irradiar a luz estelar. A mais fria anã marrom recém-descoberta foi nomeada WISE J085510.83-071442.5. Tem uma temperatura que varia entre 48 e 13 graus Celsius negativos.

 As titulares registradas anteriormente para anãs marrons mais frias, também encontradas por WISE e Spitzer, possuíam temperatura ambiente. WISE foi capaz de detectar este objeto raro porque ele examinou o céu inteiro duas vezes em luz infravermelha, observando algumas áreas até três vezes.

 Objetos frios como as anãs marrons podem ser invisíveis quando vistos por telescópios de luz visível, mas seu brilho térmico – mesmo sendo fraco – destaca-se em luz infravermelha. Além disso, quanto mais próximo o corpo, mais ele parece se mover nas imagens separadas por meses. Os aviões são um bom exemplo deste efeito: um avião voando baixo vai parecer mais rápido do que um avião voando alto.

 “Este objeto parecia se mover muito rápido nos dados do WISE”, disse Luhman.

 “Isso nos disse que era algo especial”. Após perceber o movimento rápido de WISE J085510.83-071442.5 em março de 2013, Luhman gastou seu tempo analisando imagens adicionais tiradas com o Spitzer e com o telescópio Gemini Sul em Cerro Pachón, no Chile.

 Observações em infravermelho do Spitzer ajudaram a determinar a temperatura gelada da anã marrom. Detecções combinadas de WISE e Spitzer, tiradas de diferentes posições ao redor do Sol, possibilitaram a medição da distância através do efeito de paralaxe.

 Este é o mesmo princípio que explica por que seu dedo, quando estendido à sua frente, parece saltar de um lado para outro quando você alterna a vista entre o olho esquerdo e direito.

Esse diagrama ilustra a localização dos sistemas estelares mais próximos do Sol. O ano em que a distância de cada sistema foi determinado é listado após o nome do sistema. Crédito: NASA/Penn State University
 “É notável que, mesmo depois de muitas décadas de estudo do céu, ainda não temos um inventário completo dos vizinhos mais próximos do Sol”, disse Michael Werner, cientista do projeto Spitzer no Laboratório de Propulsão a Jato (JPL, na sigla em inglês) da NASA em Pasadena, Califórnia, JPL administra e opera Spitzer.

 “Este novo resultado emocionante demonstra o poder de explorar o Universo utilizando novas ferramentas, tais como os olhos infravermelhos do WISE e Spitzer”.

 Estima-se que WISE J085510.83-071442.5 tenha cerca de 3 a 10 vezes a massa de Júpiter. Com uma massa tão baixa, poderia ser um gigante gasoso semelhante a Júpiter que foi expulso do seu sistema estelar.

 Mas os cientistas estimam que seja provavelmente uma anã marrom ao invés de um planeta, pois as anãs marrons são conhecidas por serem bastante comuns. Se assim for, está é uma das menores anãs marrons.

 Em março de 2013, analisando as imagens do WISE, Luhman descobriu um par de anãs marrons muito mais quentes e a uma distância de 6,5 anos-luz, fazendo com que esse sistema seja o terceiro mais próximo do Sol.

 Sua busca por corpos movendo-se rapidamente também demonstrou que o Sistema Solar exterior, provavelmente, não contém um grande planeta ainda não descoberto, que tem sido chamado de “Planeta X” ou “Nêmesis”.

-Para mais informações sobre a missão WISE da NASA, visite (em inglês): www.nasa.gov/wise.

-Para mais informações sobre a missão Spitzer da NASA, visite (em inglês): www.nasa.gov/spitzer.

‣ Fonte (em inglês): JPL
-Colaboração: Ivan Lopes

sexta-feira, 25 de abril de 2014

O rover Curiosity registrou pela primeira vez asteroides nos céus de Marte

O rover Curiosity da NASA em Marte capturou a primeira imagem de asteroide tirada na superfície marciana. A imagem inclui dois asteroides, Ceres e Vesta. A imagem também inclui a lua Deimos de Marte em um baixo-relevo circular, exposição ajustada e inserções quadradas à esquerda de outras observações, na mesma noite. Crédito: NASA/JPL-Caltech/MSSS/Texas A&M
 Uma nova imagem feita pelo rover Curiosity em Marte é a primeira imagem já feita da superfície do planeta e que mostra um asteroide no céu do planeta vermelho, nesse caso, na verdade, são dois: Ceres e Vesta.

 Esses dois – o maior, e o terceiro maior corpo no cinturão de asteroides localizado entre Marte e Júpiter – são os destinos da sonda Dawn, da NASA. A Dawn orbitou o Vesta em 2011 e 2012, e está a caminho de orbitar Ceres no próximo ano.

 Ceres é um planeta anão, bem como um asteroide. Ceres e Vesta aparecem como pequenos e apagados rastros em uma imagem de 12 segundos de exposição feita pela Mast Camera (MastCam) do Curiosity, no dia 20 de abril de 2014.

 “Esse imageamento foi parte de um experimento desenvolvido para checar a opacidade da atmosfera na noite no local onde o Curiosity se encontra, em Marte, onde nuvens de gelo de água e névoas se desenvolvem durante essa estação”, disse um membro da câmera Mark Lemmon da Texas A&M University em College Station.

 “As duas luas marcianas eram os principais alvos da noite, mas nós escolhemos um momento quando uma das duas luas estava perto de Ceres e Vesta no céu”.

 Ceres e Vesta são muito maiores e estão muito mais distantes da órbita da Terra do que os tipos de asteroides próximos do nosso planeta que estão sendo considerados pela iniciativa de asteroides da NASA.

 Essa iniciativa inclui duas atividades separadas, mas correlacionadas: a missão de redirecionamento de asteroide e o grande desafio.

 A NASA está atualmente desenvolvendo conceitos para a missão de redirecionamento que empregará uma nave robô, guiada por um avançado sistema de propulsão solar elétrico, para capturar um pequeno asteroide próximo da Terra, ou remover um pedaço de rocha da superfície de um asteroide maior.

 A nave então tentará redirecionar o objeto colocando-o numa órbita estável ao redor da Lua. Os astronautas viajarão a bordo da nave Orion da NASA, lançada no foguete Space Launch System, para se aproximar numa órbita lunar do asteroide capturado.

 Uma vez lá, eles coletarão amostras para retornar para a Terra para estudo. O grande desafio é uma pesquisa pelas melhores ideias para encontrar asteroides que possam representar uma ameaça potencial para a população humana, e para acelerar o trabalho da NASA já feito, voltado para a defesa planetária.

 O Mars Science Laboratory Project da NASA está usando o Curiosity para acessar antigos ambientes habitáveis e as maiores mudanças ambientais ocorridas no meio ambiente marciano.

 O Jet Propulsion Laboratory (JPL), uma divisão do Instituto de Tecnologia da Califórnia em Pasadena, construiu o rover e gerencia o projeto para o Science Mission Directorate da NASA em Washington.

 A Malin Space Science Systems, em San Diego, construiu e opera a MastCam do rover.

-Mais informações sobre a missão Dawn está disponível (em inglês): www.nasa.gov/dawn e http://dawn.jpl.nasa.gov.

-Para mais informações sobre o Curiosity, visite (em inglês): www.nasa.gov/msl e http://mars.jpl.nasa.gov/msl.

-Você pode seguir a missão no Facebook e no Twitter.

‣ Fonte (em inglês): JPL
‣ Via: CiencTec

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Par único de buracos negros escondidos é descoberto pelo XMM-Newton

Composição artística de um sistema binário de buracos negros supermassivos. Crédito: ESA/C. Carreau
 Um par de buracos negros supermassivos em órbita um do outro foi registrado pelo XMM-Newton. Essa é a primeira vez que um par tem sido observado numa galáxia ordinária. Eles foram descobertos, pois estavam arrebentando uma estrela quando o observatório espacial estava olhando na sua direção.

 A maior parte das galáxias massivas no Universo são pensadas em abrigar no mínimo um buraco negro supermassivo em seus centros. Dois buracos negros supermassivos são as evidências de que galáxias estão se fundindo.

 Assim, encontrar, buracos negros supermassivos binários podem dizer aos astrônomos sobre como as galáxias desenvolvem nas suas formas e tamanhos atuais. Até hoje, somente poucos candidatos a buracos negros supermassivos binários próximos foram encontrados.

 Todos eles estão em galáxias ativas onde eles estão constantemente rompendo nuvens de gás, num prelúdio da colisão entre eles, que deve acontecer em algum momento. No processo de destruição, o gás é aquecido a temperaturas tão altas que ele brilha em muitos comprimentos de onda, incluindo em raios-X.

 Isso dá a galáxia um centro brilhante incomum, e leva a elas serem chamadas de ativas. A nova descoberta, reportada por Fukun Liu, da Universidade de Pequim, em Pequim, na China e seus colegas, é importante, pois ele é o primeiro a encontrar esse tipo de interação em galáxias que não sejam ativas.

 “Pode haver um população inteira de galáxias quiescentes que abrigam buracos negros binários em seus centros”, disse o co-autor Stefanie Komossa, do Max Planck Institute for Radio Astronomy, em Bonn, na Alemanha.

 Mas encontrá-los é uma tarefa difícil em galáxias quiescentes, não existem nuvens de gás alimentando os buracos negros, e assim os núcleos dessas galáxias são verdadeiramente escuros. A única esperança que os astrônomos têm é olhar na direção certa no momento em que um buraco negro está trabalhando, e destruindo uma estrela em pedaços.

 Esse tipo de ocorrência é chamado de “evento de ruptura de maré”. À medida que a estrela é puxada pela gravidade do buraco negro, ela emite um brilho de raios-X. Numa galáxia ativa, o buraco negro é continuamente alimentado pelas nuvens de gás.

 Numa galáxia quiescente, o buraco negro é alimentado pelos eventos de ruptura de maré que ocorrem esporadicamente e são impossíveis de serem previstos. Assim, para aumentar a chance de se observar um evento desses, os pesquisadores usam o Observatório de Raios-X XMM-Newton da ESA (Agência Espacial Europeia) de uma maneira nova.

 Normalmente, o observatório coleta os dados de alvos designados, um por vez. Uma vez que ele completa a observação, ele passa para o próximo objeto da lista. O truque é que durante esse movimento, o XMM-Newton mantém os instrumentos focados e registrando.

 Efetivamente essa pesquisa do céu tem um padrão aleatório, produzindo dados que podem ser analisados em busca de fontes de raios-X desconhecidas e inesperadas. Em 10 de junho de 2010, um evento de ruptura de maré foi registrado pelo XMM-Newton na galáxia SDSS J120136.02+300305.5.

Faixas brilhantes em raios-X grava a história de enormes quantidades de dados do XMM-Newton enquanto se move o foco entre objetos diferentes no céu. A imagem contém informações de mais de 1,200 dados individuais feitos entre 2001 e 2012 e abrange cerca de 62 por cento do céu. É um mosaico de 73,178 imagens individuais de 1 x 0.5 graus e é mostrado na projeção galáctica, com o plano galáctico, deitada sobre o centro da imagem. Os dados cobrem uma gama de energia de 0.2–2 keV. Certo número de fontes de raios-X conhecidos é visto na imagem, incluindo o remanescente de supernova da Vela (o recurso de branco brilhante à direita), o Laço do Cisne (à esquerda), Scorpius X-1 (logo acima do centro da imagem) e a Grande e Pequena Nuvem de Magalhães (no polo sul da eclíptica, dentro da região concentrada de sobreposição de dados no canto inferior direito da imagem). Crédito: ESA/A. Read (University of Leicester)
 Komossa e seus colegas estavam escaneando os dados em busca desses eventos e programando observações subsequentes poucos dias depois com o XMM-Newton e com o satélite Swift da NASA.

 A galáxia estava expelindo raios-X no espaço. Se parecia exatamente como um evento de ruptura de maré causado por um buraco negro supermassivo, mas enquanto eles rastreavam a vagarosa emissão que se apagava dia após dia, algo estranho aconteceu.

 Os raios-X caíram abaixo dos níveis detectáveis entre os dias 27 e 48 depois da descoberta. Então eles reapareceram e continuaram a seguir uma taxa de queda mais esperada, como se nada tivesse acontecido. Agora, graças a Fukun Liu, o comportamento pode ser explicado.

 “Isso é exatamente o que se espera de um par de buracos negros supermassivos, orbitando um ao redor do outro”, disse Liu.

 Liu tem trabalhado em modelos de sistemas binários de buracos negros que previu uma repentina queda para a escuridão e então a recuperação do brilho, pois a gravidade de um dos buracos negros corrompeu o fluxo de gás de outro, temporariamente privando-o do combustível necessário para gerar um brilho em raios-X.

 Ele encontrou que duas possíveis configurações eram possíveis para reproduzir as observações da J120136. Na primeira, o buraco negro primário continha 10 milhões de vezes a massa do Sol e estava orbitando um buraco negro de cerca de um milhão de vezes a massa do Sol em uma órbita elíptica.

 Na segunda solução, o buraco negro primário, tinha cerca de um milhão de vezes a massa do Sol e tinha uma órbita circular. Em ambos os casos, a separação entre os buracos negros era relativamente pequena: cerca de 0.6 milliparsecs, ou algo em torno de 2 milionésimos de um ano-luz.

 Isso é aproximadamente a largura do Sistema Solar. Sendo tão próximos, o destino desse par de buracos negros recém-descoberto está selado. Eles irão irradiar sua energia orbital, gradativamente espiralando de forma conjunta, até cerca de 2 milhões de anos eles se fundirão em um único buraco negro.

 Agora que os astrônomos encontraram seu primeiro candidato para um buraco negro binário, em uma galáxia quiescente, a pesquisa é mais do que inevitável.

 O XMM-Newton continuará sua vagarosa busca. Essa detecção também despertará o interesse numa rede de telescópios que pesquisem o céu como um todo em busca dos eventos de ruptura de maré.

 “Uma vez que se detectem milhares de eventos de ruptura de maré, nós podemos começar a extrair estatísticas confiáveis sobre a taxa em que as galáxias se fundem”, disse Komossa.

 Existe outra esperança para o futuro. Quando buracos negros binários se fundem, é previsto que eles lancem uma explosão massiva de energia no Universo, mas não na sua maioria em raios-X.

 “A fusão final espera-se ser a fonte mais intensa de ondas gravitacionais no Universo”, disse Liu.

 As ondas gravitacionais são ondas no contínuo espaço-tempo. Os astrônomos ao redor do mundo estão atualmente construindo um novo tipo de observatório para detectar essas ondulações.

 A ESA também está envolvida em abrir essa nova janela no Universo. Em 2015, a ESA lançará a sonda LISA Pathfinder, que testará a tecnologia necessária para se construir um detector espacial de ondas gravitacionais.

 A pesquisa pelas elusivas ondas gravitacionais é também um tema para uma grande missão científica da ESA, a missão L3, no programa Cosmic Vision. Por enquanto, o XMM-Newton continuará procurando pelos eventos de rompimento de maré que indicam a presença de candidatos a buracos negros supermassivos binários.

 “O uso inovador das observações feitas com o XMM-Newton tornou possível à detecção dos sistemas binários de buracos negros supermassivos”, disse Norbert Schartel, Cientista de Projeto do XMM-Newton da ESA.

 “Isso demonstra a importância de se manter por longos períodos observatórios espaciais que podem detectar eventos raros que potencialmente podem abrir novas áreas na astronomia”.

‣ Fonte (em inglês): ESA
‣ Via: CiencTec

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Acompanhe ao vivo a chuva de meteoros Lirídeas


 A Slooh transmitira ao vivo uma cobertura dos meteoros Lirídeas (se o tempo no local permitir), com comentários do astrônomo Bob Berman e os especialistas da equipe Slooh, podendo ser acompanhado logo acima.

 Os Lirídeas são uma chuva considerada média, produz normalmente cerca de 20 meteoros por hora em seu pico. A chuva de meteoros atinge o auge em 22 de abril, embora alguns meteoros podem ser visíveis a partir de 16 até 25 de abril.

 A Lua minguante vai ficar visível, podendo esconder alguns dos meteoros menos brilhantes. Procure por meteoros que irradiam da constelação de Lira depois da meia-noite até o amanhecer. Encontre um local escuro, longe das luzes da cidade.

domingo, 20 de abril de 2014

Imagem do Hubble mostra objetos um bilhão de vezes mais apagado do que aqueles que podemos observar a olho nu

Está imagem de um aglomerado de galáxia, tirada pelo Telescópio Espacial Hubble da NASA/ESA dá uma notável seção transversal do Universo, mostrando objetos em diferentes distâncias e diferentes estágios na história cósmica. Eles vão desde vizinhos cósmicos perto para objetos vistos nos primeiros anos do Universo. A exposição de 14 horas mostra objetos um bilhão de vezes mais apagado do que pode ser observado a olho nu. Crédito: NASA & ESA
 Uma imagem de um aglomerado de galáxias feita pelo Telescópio Espacial Hubble da NASA/ESA nos presenteia com uma impressionante seção do Universo, mostrando objetos em diferentes distâncias e em diferentes estágios da história cósmica.

 A distância varia desde vizinhos cósmicos próximos até objetos que são observados nos anos iniciais do Universo. A exposição de 14 horas mostra objetos um bilhão de vezes mais apagado do que aqueles que podem ser observados a olho nu.

 Essa nova imagem do Hubble apresenta uma impressionante variedade de objetos em diferentes distâncias de nós, estendendo por mais da metade do que se conhece até hoje o limite do Universo observável.

 As galáxias que aparecem nessa imagem localizam-se a cerca de cinco bilhões de anos-luz da Terra, mas o campo também contém outros objetos, tanto significantemente mais próximos como bem mais distantes.

A maioria das galáxias visíveis nesta imagem do Hubble são membros de um enorme aglomerado chamado CLASS B1608+656, situado a cerca de 5 bilhões de anos-luz. Mas o campo também contém outros objetos que são significativamente mais perto e mais distante – incluindo duas lentes gravitacionais Fred e Ginger. Crédito: NASA & ESA
 Estudos dessa região do céu têm mostrado que muitos dos objetos que parecem estar localizados próximos podem na verdade estarem separados por bilhões de anos-luz.

 Isso ocorre porque alguns agrupamentos de galáxias localizam-se na mesma linha de visão, criando um tipo de ilusão óptica. A seção do Hubble é completada por imagens distorcidas de galáxias distantes localizadas em segundo plano na imagem.

 Esses objetos algumas vezes são distorcidos devido a um processo conhecido como lente gravitacional, uma técnica extremamente valiosa na astronomia para se estudar objetos muito distantes.

 Esse efeito de lente é causado pela distorção do contínuo espaço-tempo por galáxias massivas localizadas perto da nossa linha de visão com relação aos objetos distantes.

Está imagem foi registrada com um telescópio no solo e mostra a região em torno de um aglomerado de galáxia, chamado CLASS B1608+656. Crédito: NASA & ESA, Digitised Sky Survey 2. - Reconhecimento: Davide De Martin
 Um desses sistemas de lente visível aqui é chamado de CLASS B1608+656, que aparece como um pequeno loop no centro da imagem.

 Ele apresenta duas galáxias em primeiro plano distorcendo e amplificando a luz de um quasar distante conhecido como QSO-160913+653228.

 A luz desse brilhante disco de matéria, que está atualmente caindo em um buraco negro, demorou nove bilhões de anos para chegar até nós – dois terços da idade do Universo.

Este vídeo começa com uma visão do céu noturno antes de fazer zoom e ir para o aglomerado de galáxia CLASS B1608+656. Crédito: NASA, ESA, Digitized Sky Survey 2. - Reconhecimento: Davide De Martin - Música: movetwo

 Além do CLASS B1608+656, os astrônomos identificaram duas outras lentes gravitacionais dentro dessa imagem. Duas galáxias, denominadas Fred e Ginger, em homenagem aos pesquisadores que as estudaram, que contém massa suficiente para visivelmente distorcer a luz de objetos localizados além dela.

 Fred, também conhecida de maneira mais prosaica como [FMK2006] ACS J160919+6532, localiza-se perto das galáxias na lente em CLASS B1608+656, enquanto Ginger ([FMK2006] ACS J160910+6532) está muito mais perto de nós.

 Apesar da diferença em distância com relação a nós, ambas podem ser vistas perto do CLASS B1068+656 na região central dessa imagem do Hubble.

 Para capturar objetos distantes e apagados como esses, o Hubble necessita de uma longa exposição. A imagem foi feita com observações no visível e no infravermelho com um tempo total de exposição de 14 horas.

Imagens do Hubble podem parecer simples, mas está realmente tem uma notável profundidade de campo que nos permite ver mais do que meio caminho até a borda do Universo observável. Crédito: NASA & ESA

‣ Fonte (em inglês): Hubble Space Telescope
‣ Via: CiencTec

sábado, 19 de abril de 2014

Sonda Cassini pode ter testemunhado o nascimento de uma nova lua em Saturno

A perturbação visível na borda externa do anel de Saturno, nesta imagem da sonda Cassini, pode ser causada por um objeto, repetindo o processo de formação das luas geladas. Crédito: NASA/JPL-Caltech/Space Science Institute
 A sonda Cassini da NASA tem documentado a formação de um pequeno objeto congelado dentro dos anéis de Saturno que pode ser uma nova lua do gigante gasoso, e pode também fornecer pistas para a formação das luas já conhecidas do planeta.

 Imagens feitas pela câmera de ângulo restrito da sonda Cassini, em 15 de abril de 2013, mostram distúrbios na borda do Anel A de Saturno – o mais externo dos brilhantes anéis. Um desses distúrbios é um arco, cerca de 20% mais brilhante do que o ambiente ao redor, que tem cerca de 1.200 quilômetros de comprimento e 10 quilômetros de largura.

 Os cientistas também encontraram protuberâncias incomuns no perfil normalmente suave da borda do anel. Os cientistas acreditam que o arco e as protuberâncias sejam causados pelos efeitos gravitacionais de um objeto próximo.

 Detalhes das observações foram publicados na edição de 14 de abril de 2014 da revista Icarus. Não é esperado que o objeto cresça mais, e na verdade ele pode até se partir.

 Mas o processo da sua formação e o seu movimento contribui para o nosso entendimento sobre como as luas congeladas de Saturno, incluindo Titã e Encélado, possam ter se formado em anéis muito massivos há muito tempo atrás. Esses estudos também fornecem ideias sobre como a Terra e os outros planetas no nosso Sistema Solar, se formaram e migraram para longe do Sol.

 “Nós nunca tínhamos visto algo assim antes”, disse Carl Murray da Queen Mary University de Londres, e o principal autor do artigo que descreve a descoberta.

 “Nós podemos estar olhando para o ato de nascimento, onde esse objeto está apenas deixando os anéis e saindo para ser uma lua propriamente dita”.

 O objeto, informalmente chamado de Peggy, é muito pequeno para ser visto nas imagens. Os cientistas estimam que ele tenha provavelmente não mais do que 1 quilometro de diâmetro. As luas congeladas de Saturno variam de tamanho dependendo da sua proximidade com o planeta – quanto mais distante do planeta maiores elas são.

 E muitas luas de Saturno são compostas primariamente de gelo, já que são as partículas que formam os anéis. Com base nesses fatos, e outros indicadores, os pesquisadores propuseram recentemente que as luas congeladas se formam de partículas dos anéis e então se movem para longe do planeta, fundindo com outras luas no caminho.

 “Testemunhar o possível nascimento de uma pequena lua, é algo animador, e um evento inesperado”, disse Linda Spilker, cientista de projeto da Cassini no Laboratório de Propulsão a Jato da NASA, em Pasadena, na Califórnia.

 De acordo com Spilker, a órbita da Cassini será movida para mais perto da borda externa do Anel A no final de 2016 e fornecerá assim, uma oportunidade para estudar Peggy em mais detalhe e até mesmo, quem sabe, fazer imagens do pequeno satélite.

 É possível que o processo de formação de luas nos anéis de Saturno tenha terminado com Peggy, já que os anéis estão agora, muito depletados para gerar novas luas. Como provavelmente esse processo não será observado novamente, Murray e seus colegas estão tirando das observações tudo que eles podem aprender.

 “A teoria diz que Saturno há muito tempo atrás tinha um sistema de anéis mais massivo capaz de gerar grandes luas”, disse Murray.

 “À medida que as luas se formaram perto da borda, elas depletaram os anéis e evoluíram, assim, as que se formaram primeiro são as maiores e mais distantes”.

 A missão Cassini-Huygens é um projeto cooperativo da NASA, da Agência Espacial Europeia e da Agência Espacial Italiana. O Laboratório de Propulsão a Jato (JPL, na sigla em inglês), uma divisão do Instituto de Tecnologia da Califórnia, gerencia a missão para o Science Mission Directorate da NASA em Washington.

-Para mais informações sobre a missão Cassini, visite (em inglês): www.nasa.gov/cassini.

‣ Fonte (em inglês): NASA
‣ Via: CiencTec

sexta-feira, 18 de abril de 2014

Telescópio Espacial Kepler descobre primeiro exoplaneta do tamanho da Terra na zona habitável de uma estrela

Essa composição artística de Kepler-186f é o resultado de cientistas e artistas colaborando para imaginar a aparência desses mundos distantes. Crédito: NASA Ames/SETI Institute/JPL-Caltech
 Usando o Telescópio Espacial Kepler, os astrônomos descobriram o primeiro exoplaneta do tamanho da Terra orbitando uma estrela, na chamada zona habitável — o intervalo de distância de uma estrela onde a água líquida pode estar presente na superfície de um planeta.

 A descoberta do Kepler-186f confirma que os planetas do tamanho da Terra existem nas zonas habitáveis de outras estrelas que não seja o Sol.

 Enquanto que os outros exoplanetas encontrados na zona habitável são no mínimo 40% maiores que a Terra, e entender como eles são constituídos é um desafio, o Kepler-186f é mais parecido com a Terra.

 “A descoberta do Kepler-186f é um passo significante em direção a encontrar outros mundos parecidos com o nosso planeta”, disse Paul Hertz, diretor da Divisão de Astrofísica da NASA na sede da agência em Washington.

 “Missões futuras da NASA, como a Transiting Exoplanet Survey Satellite (TESS) e a do Telescópio Espacial James Webb, descobrirão os exoplanetas rochosos mais próximos e determinarão suas composições, e condições atmosféricas, dando continuidade à busca da humanidade em encontrar mundos verdadeiramente parecidos com a Terra”.

 Embora o tamanho do Kepler-186f seja conhecido, sua massa e composições são parâmetros ainda desconhecidos. Pesquisas anteriores, contudo, sugerem que um planeta do tamanho do Kepler-186f provavelmente seja rochoso.

 “Nós só conhecemos um planeta onde a vida existe — a Terra”.

 “Quando nós buscamos pela vida fora do Sistema Solar, nós focamos em encontrar planetas que tenham características similares às da Terra”, disse Elisa Quintana, pesquisadores do SETI Institute no Ames Research Center da NASA em Moffett Filed, Califórnia, e principal autora de um artigo publicado na revista Science.

 “Descobrir um planeta na zona habitável comparável em tamanho com a Terra é um grande passo a frente”. O Kepler-186f reside no sistema Kepler-186, cerca de 500 anos-luz de distância da Terra, na constelação de Cygnus.

O diagrama compara os planetas do nosso Sistema Solar interior a Kepler-186, um sistema estelar com cinco planetas, que está aproximadamente a cerca de 500 anos-luz da Terra na constelação de Cygnus. Crédito: NASA Ames/SETI Institute/JPL-Caltech
 O sistema é também o lar de quatro outros exoplanetas, que orbitam uma estrela que tem metade do tamanho e da massa do Sol. A estrela é classificada como uma Anã M, ou Anã Vermelha, uma classe de estrela que abriga mais de 70% das estrelas da Via Láctea.

 “As anãs M são as estrelas mais numerosas”, disse Quintana.

 “Os primeiros sinais de outra vida na galáxia pode muito bem vir de planetas orbitando uma Anã M”.

 O Kepler-186f orbita sua estrela uma vez a cada 130 dias e recebe um terço da energia da estrela em comparação com a energia recebida pela Terra do Sol, colocando o exoplaneta mais perto da borda externa da zona habitável.

 Na superfície do Kepler-186f, o brilho da sua estrela ao meio dia é comparável ao brilho do Sol para nós como ele aparece uma hora antes do pôr-do-Sol.

 “Estar na zona habitável não significa que nós sabemos que esse planeta é habitável”.

 “A temperatura no planeta é fortemente dependente do tipo de atmosfera do planeta”, disse Thomas Barclay, pesquisador no Bay Area Environmental REsearch Institute no Ames, e co-autor do artigo.

 “O Kepler-186f pode ser pensado como um planeta primo da Terra, ao invés de irmão da Terra”. “Ele possui muitas propriedades semelhantes às do nosso planeta”.

 Os seus quatro planetas companheiros, Kepler-186b, Kepler-186c, Kepler-186d, e Kepler-186e, possuem um período de translação de quatro, sete, 13 e 22 dias respectivamente, fazendo deles muito quentes para o desenvolvimento da vida.

O Telescópio Espacial Kepler da NASA descobriu o primeiro planeta similar em tamanho da Terra onde está orbitando na zona habitável de uma estrela distante, uma área onde a água líquida pode existir em sua superfície. Crédito: NASA Ames/SETI Institute/JPL-Caltech

 Esses quatro planetas internos somados medem menos que 1.5 o tamanho da Terra. Os próximos passos na pesquisa por vida distante inclui procurar por um planeta verdadeiramente irmão da Terra — planetas do tamanho da Terra orbitando dentro da zona habitável de uma estrela parecida com o Sol — e medir sua composição química.

 O Telescópio Espacial Kepler, que simultaneamente e continuamente mediu o brilho de mais de 150,000 estrelas, é a primeira missão da NASA capaz de detectar planetas parecidos com a Terra ao redor de estrelas parecidas com o Sol.

 O Ames é responsável pelo desenvolvimento do Sistema de Terra do Kepler, as operações da missão, e a análise dos dados científicos. O Laboratório de Propulsão a Jato da NASA em Pasadena, na Califórnia, gerencia o desenvolvimento da missão Kepler.

 A Ball Aerospace & Technologies Corp. em Boulder, no Colorado, desenvolveu o sistema de voo do Kepler e suporta as operações de missão com o Laboratory for Atmospheric and Space Physics na Universidade do Colorado em Boulder.

 O Space Telescope Science Institute em Baltimore, arquiva, abriga, e distribui os dados científicos do Kepler. O Kepler é a décima Discovery Mission da NASA e foi financiado pelo Science Mission Directorate da agência.

 O SETI Institute é uma organização privada sem fins lucrativos, dedicada à pesquisa científica, educação e divulgação para o público. A missão do SETI Institute é explorar, entender e explicar a origem, a natureza e a presença de vida no Universo.

-Para mais informações sobre a missão Kepler, visite (em inglês): www.nasa.gov/kepler.

Artigo científico:

‣ Fonte (em inglês): Jet Propulsion Laboratory (JPL)
‣ Via: CiencTec

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Um estudo em escarlate

Esta nova imagem obtida pelo instrumento Wide Field Imager (WFI), montado no telescópio MPG/ESO de 2,2 metros, no Observatório de La Silla, no Chile, revela uma nuvem de hidrogênio chamada Gum 41. No seio desta nebulosa pouco conhecida, estrelas luminosas, quentes e jovens, emitem radiação que faz brilhar o hidrogênio circundante num caraterístico tom escarlate. Crédito: ESO
 Esta nova imagem obtida no Observatório de La Silla do ESO no Chile revela uma nuvem de hidrogênio chamada Gum 41. No seio desta nebulosa pouco conhecida, estrelas luminosas, quentes e jovens, emitem radiação que faz brilhar o hidrogênio circundante num caraterístico tom escarlate.

 A região do céu austral na constelação do Centauro acolhe muitas nebulosas brilhantes, cada uma associada a estrelas quentes recém-nascidas que se formaram das nuvens de hidrogênio gasoso. A intensa radiação emitida pelas estrelas jovens excita o hidrogênio restante, fazendo com que este brilhe na cor vermelha típica das regiões de formação estelar.

 Outro exemplo famoso do mesmo fenômeno pode ser observado na Nebulosa da Lagoa, uma enorme nuvem que brilha em semelhantes tons escarlates. A nebulosa que vemos na imagem situa-se a cerca de 7,300 anos-luz de distância da Terra.

 Foi descoberta pelo astrônomo australiano Colin Gum em fotografias obtidas no Observatório de Mount Stromlo, próximo de Canberra. Gum incluiu este objeto no seu catálogo de 84 nebulosas de emissão, publicado em 1955.

 Gum 41 é, na realidade, uma pequena parte de uma estrutura muito maior chamada Nebulosa Lambda Centauri, também conhecida pelo nome mais exótico de Nebulosa da Galinha Fugitiva (outra parte da qual foi o tópico da nota de imprensa). Gum morreu tragicamente em 1960, ainda jovem, num acidente de esqui na Suíça.

Este mapa mostra a localização de uma nuvem de hidrogênio e estrelas recém-nascidas chamada Gum 41, na enorme constelação austral do Centauro. Estão assinaladas a maioria das estrelas visíveis a olho nu sob boas condições de observação e a localização da nebulosa propriamente dita está marcada com um círculo vermelho. Este objeto é apenas uma pequena parte de uma estrutura muito maior chamada Nebulosa Lambda Centauri. A Gum 41 é muito ténue e apenas foi descoberta, com o auxílio fotografias, em meados do século XX. Crédito: ESO, IAU and Sky & Telescope
 Nesta imagem de Gum 41, as nuvens parecem ser muito espessas e brilhantes, no entanto não é este o caso. Se um hipotético viajante espacial passasse pelo meio desta nebulosa, muito provavelmente nem a notaria.

 É que, mesmo de muito perto, a nebulosa apresenta-se tênue demais para poder ser detectada com o olho humano, fato que ajuda a perceber como é que um objeto tão grande apenas foi descoberto em meados do século XX¬ — a sua radiação expande-se de modo muito tênue e o brilho vermelho não se consegue observar adequadamente no domínio óptico.


Esta sequência de zoom começa com uma vista de grande angular da Via Láctea, aproximando-se seguidamente de uma das regiões mais espetaculares na constelação do Centauro. A imagem final mostra a região de formação estelar conhecida por Gum 41, imagem essa obtida pelo telescópio MPG/ESO de 2,2 metros, no Observatório de La Silla, no Chile. Crédito: ESO/N. Risinger (skysurvey.org)/Hisayoshi Kato - Música: movetwo

 A nova imagem da Gum 41 — provavelmente uma das melhores obtidas até agora — foi criada a partir de dados do instrumento Wide Field Imager (WFI), montado no telescópio MPG/ESO de 2,2 metros, no Observatório de La Silla, no Chile.

 Trata-se de uma combinação de imagens captadas através de três filtros de cor (azul, verde e vermelho) e de um filtro especial que capta a radiação vermelha emitida pelo hidrogênio.


Este vídeo panorâmico mostra em detalhe a nova imagem obtida pelo instrumento Wide Field Imager (WFI), montado no telescópio MPG/ESO de 2,2 metros, no Observatório de La Silla, no Chile. A imagem revela uma nuvem de hidrogênio chamada Gum 41, situada na constelação do Centauro. No seio desta nebulosa pouco conhecida, estrelas luminosas, quentes e jovens, emitem radiação que faz brilhar o hidrogênio circundante num caraterístico tom escarlate. Crédito: ESO - Música: movetwo

 O ESO é a mais importante organização europeia intergovernamental para a pesquisa em astronomia e é o observatório astronômico mais produtivo do mundo. O ESO é financiado por 15 países: Alemanha, Áustria, Bélgica, Brasil, Dinamarca, Espanha, Finlândia, França, Holanda, Itália, Portugal, Reino Unido, República Checa, Suécia e Suíça.

 O ESO destaca-se por levar a cabo um programa de trabalhos ambicioso, focado na concepção, construção e funcionamento de observatórios astronômicos terrestres de ponta, que possibilitam aos astrônomos importantes descobertas científicas. O ESO também tem um papel importante na promoção e organização de cooperação nas pesquisas astronômicas.

 O ESO mantém em funcionamento três observatórios de ponta, no Chile: La Silla, Paranal e Chajnantor. No Paranal, o ESO opera o Very Large Telescope, o observatório astronômico óptico mais avançado do mundo e dois telescópios de rastreio.

 O VISTA, o maior telescópio de rastreio do mundo que trabalha no infravermelho e o VLT Survey Telescope, o maior telescópio concebido exclusivamente para mapear os céus no visível. O ESO é o parceiro europeu do revolucionário telescópio ALMA, o maior projeto astronômico que existe atualmente.

 O ESO está planejando o European Extremely Large Telescope, E-ELT, um telescópio de 39 metros que observará na banda do visível e infravermelho próximo. O E-ELT será “o maior olho do mundo virado para o céu”.

‣ Fonte: European Southern Observatory (ESO)

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Acompanhe ao vivo o eclipse lunar total nesta madrugada



 Se você estiver em algum local com clima ruim para observar o eclipse lunar total, será possível acompanhar uma transmissão ao vivo do fenômeno logo acima, a partir das 3 horas. 

 Bob Berman, Paul Cox e a equipe de transmissão Slooh irão fornecer feeds ao vivo de toda a América do Norte. Com convidado especial Timothy Ferris, autor de “Seeing in the Dark” e professor emérito de astronomia na Universidade de Berkeley. 

 O fenômeno, que poderá ser observado até às 6 horas, não faz com que a Lua fique totalmente obscura, mas com uma cor avermelhada. 

 O eclipse lunar total não é um fenômeno raro e pode ser observado a olho nu. Ele acontece quando Terra, Sol e Lua (em sua fase cheia) estão alinhados, fazendo com que a Lua mergulhe na sombra projetada pela Terra. 

 Nessa ocasião, graças aos raios solares que são desviados pela atmosfera terrestre, a Lua geralmente ganha uma coloração avermelhada, com diminuição drástica do seu brilho em relação ao seu brilho normal na fase cheia. 

 Entre 2 e 3 horas, aproximadamente, a Lua entra na parte clara da sombra da Terra, a penumbra, com diminuição quase imperceptível do seu brilho. Por volta das 3 horas, começa o eclipse umbral, com o progressivo obscurecimento da Lua, facilmente visível a olho nu. 

 A observação do fenômeno depende de condições meteorológicas favoráveis. Será possível observar o eclipse na Austrália, Oceano Pacífico e nas Américas, a Lua entrará na umbra completamente por volta das 04h47m.

quarta-feira, 9 de abril de 2014

Encontro ocasional dá origem a anel de diamantes celeste

Os astrônomos utilizaram o Very Large Telescope do ESO no Chile para capturar esta bela imagem da nebulosa planetária Abell 33. Formada quando uma estrela em envelhecimento lançou para o espaço as suas camadas externas, esta bonita bolha azul está, por mero acaso, alinhada com uma estrela que se encontra em primeiro plano, o que torna o conjunto extremamente parecido a um anel de noivado com um diamante. Esta joia cósmica é invulgarmente simétrica, aparecendo como um círculo quase perfeito no céu. Crédito: ESO
 Astrônomos utilizaram o Very Large Telescope do ESO no Chile para capturar esta bela imagem da nebulosa planetária PN A66 33 - conhecida normalmente por Abell 33.

 Formada quando uma estrela já evoluída lançou para o espaço as suas camadas externas, esta bonita bolha azul está, por mero acaso, alinhada com uma estrela que se encontra em primeiro plano, o que torna o conjunto extremamente parecido a um anel de noivado com um diamante.

 Esta joia cósmica é raramente simétrica, aparecendo como um círculo quase perfeito no céu. A maioria das estrelas com massas da ordem do nosso Sol terminarão as suas vidas sob a forma de anãs brancas - corpos quentes, pequenos e muito densos que vão apagando lentamente ao longo de bilhões de anos.

 Antes desta fase final das suas vidas, as estrelas libertam para o espaço as suas atmosferas, criando nebulosas planetárias - nuvens de gás coloridos e luminosos que envolvem as pequenas relíquias estelares brilhantes.

Este mapa mostra a enorme e extensa constelação de Hidra, onde estão assinaladas a maioria das estrelas que podem ser vistas a olho nu num céu escuro. A localização da ténue nebulosa planetária Abell 33 está indicada com um círculo vermelho. A estrela aparentemente muito brilhante situada na periferia da nebulosa é a HD 83535, uma estrela normal branca e quente que por acaso se situa a meio caminho entre a Terra e Abell 33. Embora esta estrela se possa observar facilmente através de binóculos, a nebulosa propriamente dita é um objeto muito ténue, que apenas pode ser visto com telescópios amadores maiores, necessitando de um filtro apropriado para uma melhor observação. Crédito: ESO, IAU and Sky & Telescope
 A imagem, obtida pelo Very Large Telescope (VLT) do ESO mostra Abell 33, uma nebulosa planetária extraordinariamente circular, situada a cerca de 2,500 anos-luz de distância da Terra. O fato de ser perfeitamente redonda é bastante incomum neste tipo de objetos, pois geralmente existe algo que perturba a simetria e faz com que a nebulosa planetária apresente formas irregulares.

 A estrela muito brilhante situada na periferia da nebulosa dá origem a uma bonita ilusão de óptica nesta imagem do VLT.

 O alinhamento verificado acontece por mero acaso - à estrela, chamada HD 83535, situa-se em primeiro plano, a meio caminho entre Abell 33 e a Terra, no local exato para tornar esta imagem ainda mais bonita. Juntas, a HD83535 e Abell 33 formam um cintilante anel de diamante.

Esta imagem de grande angular mostra o céu em torno da nebulosa planetária Abell 33, que aparece como um círculo azul fantasmagórico próximo do centro. Esta imagem foi criada a partir de material fotográfico do Digitized Sky Survey 2. Podem ver-se também muitas galáxias pouco luminosas e a estrela brilhante de cor laranjada na parte de cima trata-se da Iota Hydri, uma estrela que é suficientemente brilhante para poder ser vista a olho nu. Crédito: ESO/Digitized Sky Survey 2. Acknowledgement: Davide De Martin
 Abell 33 é apenas um dos 86 objetos catalogados pelo astrônomo George Abell em 1966 no seu Catálogo de Nebulosas Planetárias.

 Abell perscrutou também os céus em busca de aglomerados de galáxias, tendo compilado no Catálogo de Abell mais de 4,000 aglomerados, tanto no hemisfério norte como no sul.

 Esta imagem foi obtida a partir de dados coletados pelo instrumento FOcal Reducer and low dispersion Spectrograph (FORS), montado no VLT, no âmbito do programa Joias Cósmicas do ESO.


Esta sequência zoom começa com uma vista alargada que mostra parte da longa e fina constelação de Hidra. No final vemos uma bolha azul fantasmagórica, com uma estrela brilhante na sua periferia, parecendo o conjunto um anel de diamante. Trata-se da nebulosa planetária Abell 33. Crédito: ESO/Digitized Sky Survey 2/M. Kornmesser. Música: movetwo

 Por exemplo, o modo como a estrela gira, ou se a estrela central é uma componente de um sistema estelar duplo ou múltiplo.

 A imagem muito nítida, a estrela central parece ser dupla. Não se sabe se existe efetivamente alguma associação entre as duas ou se se trata apenas de um alinhamento ocasional.

 Este vídeo panorâmico mostra-nos em detalhe a nova imagem da nebulosa planetária Abell 33, obtida com o Very Large Telescope do ESO no Chile. Formada quando uma estrela em envelhecimento lançou para o espaço as suas camadas externas, esta bonita bolha azul está, por mero acaso, alinhada com uma estrela que se encontra em primeiro plano, o que torna o conjunto extremamente parecido a um anel de noivado com um diamante. Esta joia cósmica é invulgarmente simétrica, aparecendo como um círculo quase perfeito no céu. Crédito: ESO/Digitized Sky Survey 2. Música: movetwo

O programa Joias Cósmicas do ESO trata-se duma iniciativa no âmbito da divulgação científica, que visa obter imagens de objetos interessantes, intrigantes ou visualmente atrativos, utilizando os telescópios do ESO, para efeitos de educação e divulgação científica.

 O programa utiliza tempo de telescópio que não pode ser usado para observações científicas.

 Todos os dados obtidos podem ter igualmente interesse científico e são por isso postos à disposição dos astrônomos através do arquivo científico do ESO.

 O ESO é a mais importante organização europeia intergovernamental para a pesquisa em astronomia e é o observatório astronômico mais produtivo do mundo. O ESO é financiado por 15 países: Alemanha, Áustria, Bélgica, Brasil, Dinamarca, Espanha, Finlândia, França, Holanda, Itália, Portugal, Reino Unido, República Checa, Suécia e Suíça.

 O ESO destaca-se por levar a cabo um programa de trabalhos ambicioso, focado na concepção, construção e funcionamento de observatórios astronômicos terrestres de ponta, que possibilitam aos astrônomos importantes descobertas científicas. O ESO também tem um papel importante na promoção e organização de cooperação nas pesquisas astronômicas.

 O ESO mantém em funcionamento três observatórios de ponta, no Chile: La Silla, Paranal e Chajnantor. No Paranal, o ESO opera o Very Large Telescope, o observatório astronômico óptico mais avançado do mundo e dois telescópios de rastreio.

 O VISTA, o maior telescópio de rastreio do mundo que trabalha no infravermelho e o VLT Survey Telescope, o maior telescópio concebido exclusivamente para mapear os céus no visível. O ESO é o parceiro europeu do revolucionário telescópio ALMA, o maior projeto astronômico que existe atualmente.

 O ESO está planejando o European Extremely Large Telescope, E-ELT, um telescópio de 39 metros que observará na banda do visível e infravermelho próximo. O E-ELT será “o maior olho do mundo virado para o céu”.

‣ Fonte: European Southern Observatory (ESO)

domingo, 6 de abril de 2014

Dados do telescópio Fermi trazem novas pistas sobre a matéria escura

A imagem da esquerda é um mapa de raios gama com energias entre 1 e 3 bilhões de elétron-volts (GeV) detectados no centro da galáxia pelo Telescópio de Grande Área do Fermi (LAT); a cor vermelha indica o maior número. Pulsares proeminentes foram rotulados. Removendo-se todas as fontes de raios gama conhecidos (imagem da direita) revela o excesso de emissões que podem surgir a partir de aniquilação de matéria escura. Créditos: T. Linden, Universidade de Chicago
 Um novo estudo da luz de raios gama vindos a partir do centro da nossa galáxia torna o caso mais forte até agora de que algumas destas emissões podem surgir a partir de matéria escura, uma substância desconhecida que compõe a maior parte do Universo material.

 Utilizando dados publicamente disponíveis do Telescópio Espacial de Raios Gama Fermi da NASA, os cientistas independentes do Fermi National Accelerator Laboratory (Fermilab), do Centro de Astrofísica Harvard-Smithsonian (CfA), Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e da Universidade de Chicago desenvolveram novos mapas que mostram que o centro da nossa galáxia produz raios gama de alta energia, mais do que pode ser explicado por fontes conhecidas, e que este excesso de emissões está de acordo com algumas formas de matéria escura.

 “Os novos mapas nos permitem analisar e testar com explicações mais convencionais, tais como a presença de pulsares não descobertos ou colisões de raios cósmicos nas nuvens de gás, se esse excesso pode ser responsável por isso”, disse Dan Hooper, um astrofísico do Fermilab, em Batavia, Illinois, e autor principal do estudo.

 “O sinal que encontramos não pode ser explicado por alternativas atualmente propostas e esta em estreita concordância com as previsões de modelos muito simples de matéria escura”.

 O centro galáctico está repleto de fontes de raios gama, de sistemas binários interagindo, pulsares isolados de remanescentes de supernovas e partículas que colidem com o gás interestelar. É também onde os astrônomos esperam encontrar na galáxia uma maior densidade de matéria escura, que só afeta a matéria normal e a radiação através de sua gravidade.

 Grandes quantidades de matéria escura atraem matéria normal, formando uma base sobre a qual as estruturas visíveis, como as galáxias, são construídas. Ninguém sabe a verdadeira natureza da matéria escura, mas Interações Fracas de Partículas Maciças, ou WIMP’s, representam uma classe de liderança de candidatos.

 Os teóricos têm imaginado uma ampla gama de tipos de WIMP, alguns dos quais podem mutuamente aniquilar ou produzir uma partícula, deteriorando rapidamente quando essas colidem. Ambos esses caminhos terminam na produção de raios gama - a forma mais energética de luz - em energias dentro da faixa de detecção do Telescópio de Grande Área do Fermi (LAT).

 Quando os astrônomos subtraem cuidadosamente todas as fontes de raios gama conhecidos, a partir de observações do centro galáctico através do LAT, um pedaço de emissão que sobra permanece. Esse excesso aparece mais proeminente em energias entre 1 e 3 bilhões de elétron-volts (GeV) - cerca de um bilhão de vezes maior do que a da luz visível - e se estende para fora, por pelo menos 5,000 anos-luz do centro galáctico.

 Hooper e seus colegas concluem que a aniquilação de partículas de matéria escura com uma massa entre 31 e 40 GeV proporcionam um ajuste notável para o excesso, com base em seu espectro de raios gama, para sua simetria em torno do centro da galáxia e seu brilho total.

 Escrito em um artigo apresentado à revista Physical Review D, os pesquisadores afirmam que essas características são difíceis de conciliar com outras explicações propostas até agora, embora observem que as alternativas plausíveis que não requerem matéria escura podem ainda materializar.

 “A matéria escura nessa faixa de massa pode ser sondada por detecção direta e pelo Grande Colisor de Hádrons (LHC), por isso, se esta é a matéria escura, já estamos aprendendo sobre suas interações com a falta de detecção até agora”, disse o co-autor da pesquisa Tracy Slatyer, físico teórico do MIT em Cambridge, Massachusetts.

 “Este é um sinal muito estimulante e, enquanto o caso ainda não está encerrado, no futuro poderia muito bem olhar para trás e dizer que este foi onde vimos a aniquilação de matéria escura pela a primeira vez”.

Essa animação faz zoom em uma imagem da Via Láctea, mostrada na luz visível, e sobrepõe um mapa de raios gama do centro galáctico feito pelo telescópio Fermi, da NASA. Transições de dados brutos foram removidas para uma exibição com todas as fontes conhecidas, revelando um excesso de raios gama insinuando a presença de matéria escura. Créditos: NASA Goddard; A. Mellinger, CMU; T. Linden, Universidade de Chicago
 
 Os pesquisadores advertem que ainda vai demorar e serão necessários vários avistamentos - em outros objetos astronômicos, no LHC ou em alguns dos experimentos de detecção direta sendo realizados agora em todo o mundo - para validar a sua interpretação da matéria escura.

 “Nosso caso é muito mais argumentação e um processo de eliminação”.

 “Fizemos uma lista, riscamos fora coisas que não deram certo e tudo acabou em matéria escura”, disse o co-autor Douglas Finkbeiner, professor de astronomia e física na CfA, também em Cambridge.

 “Este estudo é um exemplo de técnicas inovadoras aplicadas aos dados do Fermi pela comunidade científica”, disse Peter Michelson, professor de física na Universidade de Stanford, na Califórnia, e investigador principal do LAT.

 “A colaboração no Fermi LAT continua a examinar a extraordinariamente complexa região central da galáxia, mas até que o estudo seja concluído não podemos confirmar nem refutar esta análise interessante”.

 Embora a grande quantidade de matéria escura esperada no centro da galáxia deva produzir um sinal forte, a concorrência de muitas outras fontes de raios gama complica qualquer caso para uma boa detecção. Mas transformar o problema em sua cabeça fornece uma outra maneira de atacá-lo. Ao invés de olhar para a maior coleção vizinha de matéria escura, olhe onde o sinal tem menos desafios.

 Galáxias anãs que orbitam a Via Láctea não têm outros tipos de emissores de raios gama e contém grandes quantidades de matéria escura para o seu tamanho - na verdade, elas são as maiores fontes de matéria escura já conhecidas. Mas há uma desvantagem.

 Por elas estarem muito distantes e conter matéria escura total muito menor do que a do centro da Via Láctea, galáxias anãs produzem um sinal muito mais fraco e exigem muitos anos de observações para estabelecer uma detecção segura.

 Nos últimos quatro anos, a equipe do LAT vem pesquisando galáxias anãs para obter dicas sobre a matéria escura. Os resultados publicados destes estudos estabeleceram limites rigorosos sobre as faixas de massa e taxas de interação para muitos WIMP’s propostos, mesmo eliminando alguns modelos.

 Na maioria dos resultados recentes desse estudo, publicado na Physical Review D em 11 de fevereiro, a equipe do Fermi tomou conhecimento de um pequeno, mas provocador, excesso de raios gama.

 “Há cerca de uma chance em 12, de que aquilo que estamos vendo nas galáxias anãs não é nem mesmo um sinal para tudo, apenas uma flutuação de fundo de raios gama”, explicou Elliott Bloom, membro e colaborador do LAT, no Instituto Kavli de Astrofísica de Partículas e Cosmologia, localizado em conjunto ao Laboratório Nacional de Aceleradores, SLAC, da Universidade de Stanford.

 Se forem reais, os sinais devem crescer ainda mais enquanto o telescópio Fermi adquire mais anos de observações e todo o grande campo de pesquisas astronômicas descobrem novas galáxias anãs.

 “Se nós, em uma última análise, virmos um sinal significativo”, acrescentou ele, “poderia ser uma forte confirmação do sinal de matéria escura vinda do centro galáctico”.

‣ Fonte (em inglês): NASA
Colaboração: Ivan Lopes

sexta-feira, 4 de abril de 2014

Sonda Cassini da NASA detecta oceano no interior do satélite Encélado de Saturno

Medições de gravidade pela sonda Cassini e a Deep Space Network da NASA sugerem que a lua Encélado de Saturno, que contém jatos de vapor de água e gelo jorrando do seu polo sul, possa abrigar um grande oceano interior abaixo de uma concha de gelo, como esta ilustração apresenta. Crédito: NASA/JPL-Caltech
 A sonda Cassini da NASA e a Deep Space Network descobriram evidências de que a lua Encélado de Saturno abriga um grande oceano de água líquida em seu subsolo, promovendo o interesse científico na lua como um potencial lar para micróbios extraterrestres.

 Os pesquisadores teorizaram a presença de um reservatório interior de água em 2005, quando a sonda Cassini descobriu vapor de água e gelo sendo expelidos a partir de aberturas localizadas perto do polo sul da lua.

 Os novos dados fornecem as primeiras medidas geofísicas da estrutura interna de Encélado, consistente com a existência de um oceano escondido dentro da lua.

 As descobertas feitas a partir das medidas de gravidade foram publicadas na edição de hoje, 4 de abril de 2014, na revista Science, e pode ser visualizado no final desta matéria (em inglês).

 “A maneira que nós deduzimos as variações de gravidade é a aplicação de um conceito da física chamado de Efeito Doppler, o mesmo princípio usado para medir a velocidade de um carro com um radar de mão”, disse Sami Asmar, do Laboratório de Propulsão a Jato (JPL, na sigla em inglês) da NASA em Pasadena, na Califórnia, um dos co-autores do artigo.

 “À medida que a sonda sobrevoava Encélado, sua velocidade era perturbada por uma quantidade que dependia da variação no campo de gravidade que nós estávamos tentando medir”.

 “Nós observamos a mudança na velocidade como uma mudança na frequência de rádio, recebida por nossas estações na Terra depois de cruzarem o Sistema Solar”.

 As medidas de gravidade sugerem um grande, possivelmente regional, oceano com cerca de 10 quilômetros de profundidade, abaixo de uma calota de gelo que tem entre 30 e 40 quilômetros de espessura.

 A evidência de um oceano em subsuperfície suporta a inclusão de Encélado entre os locais do Sistema Solar mais prováveis para abrigar a vida microbiana. Antes da Cassini chegar em Saturno em julho de 2004, nenhuma versão dessa pequena lista de lugares onde a vida pode existir incluía essa lua congelada, que tem cerca de 500 quilômetros de diâmetro.

 “Isso então fornece uma possível história para explicar por que a água está sendo expelida dessas fraturas que nós observamos no polo sul”, disse David Stevenson, do Instituto de Tecnologia da Califórnia, em Pasadena, outro co-autor do artigo.

 A Cassini passou perto de Encélado 19 vezes. Três sobrevoos, de 2010 a 2012, tiveram suas trajetórias medidas com precisão. A atração gravitacional de um corpo planetário, como Encélado, altera a trajetória da sonda.

 Variações no campo de gravidade, como essas causadas por montanhas na superfície ou diferenças na composição de subsuperfície, podem ser detectadas como mudanças na velocidade da sonda, medidas da Terra.

 A técnica de analisar um sinal de rádio entre a sonda Cassini e as antenas da Deep Space Network podem detectar mudanças na velocidade menores do que 90 mícron por segundo. Com essa precisão, os dados do sobrevoo mostram evidências de uma zona dentro da parte terminal sul da lua com uma densidade maior do que outras porções do seu interior.

 A área do polo sul tem uma depressão na superfície que causa um mergulho na força de gravidade local. Contudo, a magnitude do mergulho é menor do que a esperada dado o tamanho da depressão, levando os pesquisadores a concluírem que o efeito da depressão é parcialmente desviado por uma feição de alta densidade na região, abaixo da superfície.

 “As medidas de gravidade da Cassini mostram uma anomalia gravitacional negativa no polo sul que, contudo, não é tão grande como esperado de uma depressão profunda, detectada pela câmera a bordo”, disse o principal autor do artigo, Luciano Less, da Universidade Sapienza de Roma.

 “Assim, a conclusão é que ali deve existir um material mais denso numa determinada profundidade que compensa a ausência de massa: muito provavelmente água líquida, que é sete por cento mais densa que o gelo”.

 “A magnitude da anomalia nos dá informações sobre o tamanho do reservatório de água”.

 Não é certo que o oceano em subsuperfície serve de suprimento para a pluma que está sendo expelida das fraturas na superfície do satélite perto do polo sul, contudo, os cientistas dizem que essa pode ser uma possibilidade real.

 As fraturas podem levar a uma região da lua que é aquecida por efeito de maré graças às repetidas flexuras da lua, à medida que ela segue na sua órbita excêntrica ao redor de Saturno.

 Grande parte do entusiasmo sobre a descoberta da missão Cassini da pluma de água de Encélado decorre da possibilidade de que ela se origina a partir de um ambiente úmido que poderia ser favorável para o desenvolvimento da vida microbiana.

 “O material dos jatos polares sul de Encélado contêm água salgada e moléculas orgânicas, os ingredientes químicos básicos para a vida”, disse Linda Spilker, cientista de projeto da Cassini no JPL (Jet Propulsion Laboratory).

 “Sua descoberta ampliou nossa visão da zona habitável dentro do nosso Sistema Solar e em sistemas planetários ao redor de outras estrelas”.

 “Essa nova validação que um oceano de água exista abaixo dos jatos promove a nossa compreensão sobre esse intrigante ambiente”.

 A missão Cassini-Huygens é um projeto cooperativo da NASA, da Agência Espacial Europeia (ESA) e da Agência Espacial Italiana (ASI). O JPL gerencia a missão para o Science Mission Directorate da NASA em Washington.


- Para mais informações sobre a missão Cassini, visite (em inglês): www.nasa.gov/cassini e http://saturn.jpl.nasa.gov

‣ Fonte (em inglês): Jet Propulsion Laboratory (JPL)
‣ Via: CiencTec