Após observar a região do Hubble Deep Field South (HDF-S) durante 27 horas, as novas observações revelam distâncias, movimentos e outras propriedades do que as que tinham sido observadas até agora nesta minúscula região do céu.
campos profundos que revelaram-nos muito sobre o Universo primordial.
O mais famoso destes campos foi o Hubble Deep Field (Campo Profundo de Hubble), obtido pelo Telescópio Espacial Hubble da NASA/ESA durante vários dias no final de 1995.
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Este mapa apresenta a localização do Hubble Deep Field South (HDF-S) na constelação austral do Tucano. Estão assinaladas todas as estrelas visíveis a olho nu numa noite escura e límpida. O objeto mais famoso nesta região é a Pequena Nuvem de Magalhães, mas as galáxias do HDF-S encontram-se centenas de milhares de vezes mais distantes e são bilhões de vezes mais tênues. Crédito: © ESO, IAU e Sky & Telescope |
No entanto, estas imagens não contêm todas as respostas — para investigar melhor as galáxias nas imagens do campo profundo, os astrônomos tiveram que observar cada um destes objetos cuidadosamente com outros instrumentos, um trabalho difícil e demorado.
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Esta imagem obtida pelo Telescópio Espacial Hubble da NASA/ESA é uma das imagens do Universo no visível/ultravioleta mais profundas já observada. A imagem mostra uma pequena região na Constelação do Tucano, a Hubble Deep Field South. A imagem foi capturada em 1998 pela câmera Wide Field Planetary Camera 2. A radiação emitida pelas galáxias foi também analisada com o espectrógrafo Space Telescope Imaging Spectrograph (STIS). Crédito: © R. Williams (STScI), HDF-S Team & NASA/ESA |
“Depois de apenas algumas horas de observações no telescópio, demos uma olhada rápida nos dados e descobrimos muitas galáxias — o que foi muito encorajador”.
“Quando voltamos para a Europa, começamos a explorar os dados com mais detalhe”.
“Era como pescar em águas profundas e cada nova descoberta gerava muito entusiasmo e debate sobre o tipo de objetos que íamos descobrindo”, explicou Roland Bacon (Centre de Recherche Astrophysique de Lyon, na França), pesquisador principal do instrumento MUSE e líder da equipe de comissionamento.
Este episódio do ESOcast explica (em inglês) porque é que estas novas observações do MUSE são tão significativas e apresenta como é que os astrônomos interpretam os cubos de dados tridimensionais do Universo longínquo. Crédito: © ESO
Estes dados revelam a distância, composição e movimentos internos de centenas de galáxias distantes — além de capturarem também um pequeno número de estrelas muito tênues na Via Láctea.
Os dados tridimensionais podem ser observados como uma pilha de milhares de imagens individuais em diferentes comprimentos de onda, estendendo-se desde a parte azul do espectro até ao infravermelho próximo. Como muitas galáxias no Universo distante emitem apenas em determinados comprimentos de onda, estes objetos apresentam-se como breves lampejos nesta visualização. Crédito: © ESO/MUSE Consortium/R. Bacon
“Houve um grande entusiasmo quando descobrimos galáxias muito distantes que não eram sequer visíveis na imagem mais profunda do Hubble, depois de tantos anos trabalhando arduamente neste instrumento, ver os nossos sonhos tornarem-se realidade constituiu uma forte experiência para mim”, acrescenta Bacon.
O instrumento MUSE montado no Very Large Telescope do ESO deu aos astrônomos a melhor visão tridimensional do Universo profundo obtida até hoje. Após observar a região do Hubble Deep Field South durante apenas 27 horas, as novas observações revelam distâncias, movimentos e outras propriedades de muito mais galáxias do que as que tinham sido observadas até agora nesta minúscula região do céu. Estas observações também revelam objetos previamente desconhecidos nas observações do Hubble.
Este valor corresponde a mais de dez vezes as medidas de distância que tínhamos antes para esta região do céu. Para as galáxias mais próximas, o MUSE pode observar também as diversas propriedades nas diferentes regiões da mesma galáxia.
Este aspecto revela como é que as galáxias rotacionam e mostra-nos variações de outras propriedades de lugar para lugar. Esta é uma maneira poderosa de compreender como é que as galáxias evoluem ao longo do tempo cósmico.
“Agora que demonstramos as capacidades únicas do MUSE para explorar o Universo profundo, vamos observar outros campos profundos como o Hubble Ultra Deep Field”. “Poderemos estudar milhares de galáxias e descobrir novas galáxias extremamente distantes e tênues”.
Algumas galáxias próximas foram selecionadas mostrando-se a sua rotação — regiões da galáxia de um lado mostram-se primeiro (porque se deslocam na nossa direção e consequentemente apresentam um desvio para o azul) e o outro lado parece afastar-se (apresentam, portanto, um desvio para o vermelho). Crédito: © ESO/MUSE Consortium/R. Bacon
Cada espectro cobre um domínio de comprimentos de onda que vai desde a região azul do espectro electromagnético até ao próximo infravermelho (375-930 nanômetros).
O MUSE é particularmente sensível a objetos que emitem a maior parte da sua energia a alguns comprimentos de onda particulares, uma vez que esta radiação apresenta-se como pontos brilhantes nos dados.
Esta versão está sobreposta à imagem deste campo obtida com o Telescópio Espacial Hubble da NASA/ESA. Crédito: © ESO/MUSE Consortium/R. Bacon
Este trabalho foi descrito no artigo científico intitulado “The MUSE 3D view of the Hubble Deep Field South” de Roland Bacon, que foi publicado hoje (26) na revista especializada Astronomy & Astrophysics.
‣ Fonte: ESO (European Southern Observatory)
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