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quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Estrela de Scholz: Sistema binário atravessou a nuvem de Oort há 70 mil anos

Esta imagem composta de cores falsas apresenta a estrela binária Scholz (centro). Crédito: © V. D. Ivanov et al.
 Uma equipe internacional de cientistas, liderada pelo Dr. Eric Mamajek (Universidade de Rochester), determinou que aproximadamente há 70 mil anos, o recém-descoberto, próximo e de pouca massa, sistema binário WISE J072003.20-084651.2 passou a uma distância de apenas 0.8 anos-luz do Sol, ou seja, dentro da distante nuvem de cometas, conhecida como nuvem de Oort.

 Não se tem conhecimento, pelo menos até hoje, de nenhuma outra estrela que tenha se aproximado tanto assim do Sistema Solar — cerca de 5 vezes mais perto do que a atual estrela mais próxima do Sol, Proxima Centauri.


 O sistema binário, contém uma estrela anã vermelha (com uma massa de aproximadamente 8% a do Sol) e uma anã marrom (com uma massa de 6% a do Sol). O sistema está localizado na Constelação do Unicórnio, a cerca de 20 anos-luz de distância da Terra. O sistema foi apelidado Estrela de Schulz em homenagem ao seu descobridor, Dr. Ralf-Dieter Schulz (Leibniz Institute for Astrophysics Potsdam), relatou a sua descoberta em 2014.

 Num novo artigo publicado no Astrophysical Journal Letters, o Dr. Eric Mamajek e seus colegas analisaram a velocidade e a trajetória deste sistema binário. A trajetória da estrela sugere que há 70 mil anos, ela passou a cerca de 52 mil unidades astronômicas (ou cerca de 0.8 anos-luz).

 Isto é astronomicamente muito próximo, a estrela mais próxima do Sol está a cerca de 4.2 anos-luz de distância. De acordo com a equipe, a Estrela de Scholz tem uma mistura de características incomuns, apesar de estar muito próxima, ela apresenta-se um movimento tangencial bastante lento.

Concepção artística da estrela binária Scholz, durante sua passagem ao Sistema Solar há 70 mil anos; o Sol (à esquerda, ao fundo) teria surgido como uma estrela brilhante. Crédito: © Michael Osadciw/Universidade de Rochester
 “O baixo movimento tangencial e a proximidade inicialmente indicaram que a estrela estava movendo-se a um futuro encontro o Sistema Solar, ou que ela tinha recentemente passado pelo Sistema Solar e agora estava afastando-se”, disse o Dr. Mamajek.

 “As medidas de velocidade radial foram consistentes com uma estrela que estava afastando-se da vizinhança do Sol – e assim nós percebemos que ela deve ter tido um encontro num passado não muito distante”.

 Os cientistas simularam 10 mil órbitas da Estrela de Scholz, levando em consideração sua posição, distância e velocidade, além do campo gravitacional da Via Láctea, e as incertezas estatísticas em todas as medidas. Das 10 mil simulações, 98% apresentou que a estrela passou através da nuvem de Oort externa, mas felizmente, somente uma simulação trouxe a estrela para a nuvem de Oort interna, o que poderia ter deflagrado uma chuva de cometas.

 No ponto mais próximo de sua passagem pelo Sistema Solar, a estrela pode ter atingido uma magnitude 10 — cerca de 50 vezes mais tênue do que normalmente pode ser observado a olho nu. Ela é magneticamente ativa, o que pode ter feito com que ela repentinamente ficasse milhares de vezes mais brilhante que Júpiter.

 Assim, é possível que ela tenha sido observada no céu a olho nu por minutos ou horas pelos nossos ancestrais há 70 mil anos, durante o raro evento de brilho intenso, chamado flare. Até agora, a estrela que dominava o recorde de distância de um sobrevoo pelo Sol era a HIP 85605, que foi prevista passar próximo do Sol em 240 mil à 470 mil anos a partir de agora.

‣ Fonte (em inglês): Sci-News.com
‣ Via: CiencTec

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