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quarta-feira, 30 de abril de 2014

Medida pela primeira vez a duração de um dia num exoplaneta

Esta impressão artística mostra o planeta a orbitar a jovem estrela Beta Pictoris. Este exoplaneta é o primeiro para o qual se mediu a taxa de rotação. O seu dia de oito horas corresponde a uma velocidade de rotação equatorial de 100.000 quilômetros por hora – muito mais rápido do que qualquer planeta do Sistema Solar. Crédito: ESO L. Calçada/N. Risinger (skysurvey.org)
 Com o auxílio de observações obtidas com o Very Large Telescope (VLT) do ESO conseguiu-se, pela primeira vez, determinar a taxa de rotação de um exoplaneta.

 Descobriu-se que Beta Pictoris b tem um dia que dura apenas 8 horas, um valor muito menor do que o observado em qualquer planeta no Sistema Solar – o equador do exoplaneta desloca-se a quase 100.000 quilômetros por hora.

 Este novo resultado permite estender aos exoplanetas a relação entre massa e rotação observada no Sistema Solar. Técnicas semelhantes permitirão aos astrônomos mapear exoplanetas com detalhes, no futuro, utilizando o European Extremely Large Telescope (E-ELT).

 O exoplaneta Beta Pictoris b orbita a estrela visível a olho nu Beta Pictoris, que se situa a cerca de 63 anos-luz de distância da Terra na constelação austral do Pintor. Este planeta foi descoberto há quase seis anos, tendo sido um dos primeiros exoplanetas para o qual se conseguiu obter uma imagem direta.

 Este objeto orbita a sua estrela a uma distância que é de apenas oito vezes a distância Terra-Sol – o que faz com que seja o exoplaneta mais próximo da sua estrela para o qual se obteve uma imagem direta.

Este gráfico mostra as velocidades de rotação de vários planetas do Sistema Solar e do planeta Beta Pictoris b. Crédito: ESO/I. Snellen (Leiden University)
 Com o auxílio do instrumento CRIRES montado no VLT, uma equipe de astrônomos holandeses da Universidade de Leiden e do Instituto Holandês de Investigação Espacial (SRON, acrônimo do holandês) descobriram que a velocidade de rotação equatorial do exoplaneta Beta Pictoris b é quase 100.000 quilômetros por hora.

 Comparativamente, o equador de Júpiter tem uma velocidade de cerca de 47.000 quilômetros por hora, enquanto o da Terra viaja a apenas 1700 quilômetros por hora. Beta Pictoris b é mais de 16 vezes maior que a Terra e possui 3,000 vezes mais massa que o nosso planeta, no entanto um dia neste exoplaneta dura apenas 8 horas.

 “Não sabemos por que é que alguns planetas giram mais depressa que outros”, diz o co-autor deste trabalho Remco de Kok.

 “Mas esta primeira medição da rotação de um exoplaneta mostra que a tendência observada no Sistema Solar de que os planetas de maior massa giram mais depressa, pode aplicar-se de igual modo aos exoplanetas, o que nos leva a pensar que este efeito deve ser alguma consequência universal do modo como os planetas se formam”.

A posição da estrela Beta Pictoris está assinalada com um círculo vermelho neste mapa da constelação do Pintor. Tal como indicado pelo seu nome, esta é a segunda estrela mais brilhante na constelação. Juntamente com a maioria das estrelas assinaladas neste mapa, Beta Pictoris pode ser vista a olho nu num céu escuro. Crédito: ESO, IAU and Sky & Telescope
 Beta Pictoris b é um planeta muito jovem, com cerca de 20 milhões de anos (comparativamente, a Terra tem 4,5 bilhões de anos de idade). Com o passar do tempo, espera-se que o exoplaneta arrefeça e encolha o que fará com que gire ainda mais depressa.

 Por outro lado, outros tipos de processos podem influenciar a variação da rotação de um planeta. Por exemplo, a rotação da Terra está diminuindo com o tempo, em consequência das interações de maré com a nossa Lua.

 Os astrônomos usaram uma técnica muito precisa chamada espectroscopia de alta dispersão para separar a luz nas suas cores constituintes – diferentes comprimentos de onda no espectro.

 O princípio do efeito Doppler (ou desvio de Doppler) permitiu que a equipe utilizasse a variação em comprimento de onda para detectar que as diferentes partes do planeta estavam se movendo a velocidades diferentes e em direções opostas relativamente ao observador.

 Retirando cuidadosamente os efeitos da estrela progenitora, muito mais brilhante, conseguiram extrair o sinal correspondente à rotação do planeta.

Com apenas 12 milhões de anos de idade, ou menos de três milionésimos da idade do Sol, Beta Pictoris tem 75% mais massa que a nossa estrela progenitora. Situa-se a cerca de 60 anos-luz de distância na direção da constelação do Pintor e é um dos melhores exemplos de uma estrela rodeada por um disco de poeira. Observações anteriores mostraram uma deformação no disco, um disco secundário inclinado e cometas a cair na estrela, tudo isto sinais indiretos, mas que sugerem fortemente a presença de um planeta de grande massa. Observações obtidas com o instrumento NACO, montado no Very Large Telescope do ESO, em 2003, 2008 e 2009, mostraram a presença de um planeta em torno de Beta Pictoris, situado a uma distância entre 8 a 15 vezes a distância entre a Terra e o Sol – as chamadas Unidades Astronômicas (UA) – o que corresponde a aproximadamente a distância de Saturno ao Sol. O planeta tem uma massa de cerca de nove vezes a massa de Júpiter, possuindo a massa e localização certas para explicar a deformação das partes internas do disco. Esta imagem foi criada a partir de dados do Digitized Sky Survey 2 e mostra uma região de aproximadamente 1,7 por 2,3 graus em torno de Beta Pictoris. Crédito: ESO/Digitized Sky Survey 2
 “Medimos os comprimentos de onda da radiação emitida pelo planeta com uma precisão de um sobre cem mil, o que faz com que as medições sejam sensível aos efeitos Doppler que nos revelam a velocidade dos objetos emissores”, diz o autor principal Ignas Snellen.

 “Usando esta técnica descobrimos que as diferentes partes da superfície do planeta se deslocam na nossa direção ou na direção oposta a velocidades diferentes, o que só pode significar que o planeta roda em torno do seu eixo”.

 Esta técnica está relacionada com a técnica de obtenção de imagens Doppler, usada já há várias décadas para mapear a superfície das estrelas e, recentemente, a de uma anã marrom – Luhman 16B.

 A rápida rotação de Beta Pictoris b significa que no futuro será possível fazer um mapa global do planeta, mostrando possíveis padrões de nuvens e tempestades.

 “Esta técnica pode ser utilizada numa amostra muito maior de exoplanetas com a excelente resolução e sensibilidade que terá o E-ELT e um espectrógrafo de imagem de alta dispersão”.

 “Com o instrumento METIS (Mid-infrared E-ELT Imager and Spectrograph) que está sendo planejado, seremos capazes de fazer mapas globais de exoplanetas e caracterizar planetas muito menores do que Beta Pictoris b”, diz o Investigador Principal do METIS e co-autor do novo artigo científico que descreve estes resultados, Bernhard Brandl.

 Beta Pictoris tem muitos outros nomes, por exemplo, HD 39060, SAO 234134 e HIP 27321. Beta Pictoris é um dos melhores exemplos de uma estrela rodeada por um disco de restos de matéria e poeira. Sabe-se que este disco tem uma extensão de cerca de 1,000 vezes a distância entre a Terra e o Sol.

 As observações usam a técnica de óptica adaptativa, que compensa os efeitos de turbulência da atmosfera terrestre. Este efeito faz com que as imagens obtidas, mesmo nos melhores locais de observação da Terra, fiquem distorcidas.

Esta sequência começa com uma vista alargada do céu austral, aproximando-se da estrela brilhante Beta Pictoris na constelação do Pintor. Esta estrela jovem encontra-se rodeada por um disco de poeira e tem também na sua órbita um planeta grande, que é o primeiro exoplaneta para o qual se mediu a rotação. A sua velocidade de rotação equatorial é de quase 100.000 quilômetros por hora – muito mais rápido do que qualquer planeta do Sistema Solar. Crédito: ESO/Digitized Sky Survey 2/Nick Risinger (skysurvey.org)/L. Calçada. Music: movetwo

 Esta técnica permite obter imagens extremamente nítidas, quase tão boas como as que se obtêm no espaço. Uma vez que Júpiter não tem uma superfície sólida a partir da qual se possa determinar a taxa de rotação do planeta, tomamos a velocidade de rotação da sua atmosfera equatorial, que é 47.000 quilômetros por hora.

 A velocidade de rotação da Terra no equador é de 1674,4 quilômetros por hora. Medições anteriores sugeriam que o sistema era mais novo. Este fato é uma consequência direta da conservação do momento angular e trata-se do mesmo fenômeno que faz com que uma patinadora artística no gelo gire mais depressa sobre si mesma quando junta os braços ao corpo.

 As anãs marrons são muitas vezes chamadas “estrelas fracassadas” uma vez que, ao contrário de estrelas como o Sol, nunca conseguem torna-se suficientemente quentes para darem início a reações de fusão nuclear.

 Este trabalho foi descrito no artigo científico “Fast spin of a young extrasolar planet”, de I. Snellen et al., que será publicado na revista Nature em 1 de maio de 2014, e pode ser visualizado logo abaixo.


 A equipe é composta por Ignas A. G. Snellen (Obervatório de Leiden, Universidade de Leiden, Leiden, Holanda), Remco J. de Kok (SRON Instituto Holandês de Investigação Espacial, Utrecht, Holanda), Ernst J. W. de Mooij (Observatório de Leiden) e Simon Albrecht (Department of Physics e Kavli Institute for Astrophysics and Space Research, Massachusetts Institute of Technology, EUA; Observatório de Leiden).

 O ESO é a mais importante organização europeia intergovernamental para a pesquisa em astronomia e é o observatório astronômico mais produtivo do mundo. O ESO é financiado por 15 países: Alemanha, Áustria, Bélgica, Brasil, Dinamarca, Espanha, Finlândia, França, Holanda, Itália, Portugal, Reino Unido, República Checa, Suécia e Suíça.

 O ESO destaca-se por levar a cabo um programa de trabalhos ambicioso, focado na concepção, construção e funcionamento de observatórios astronômicos terrestres de ponta, que possibilitam aos astrônomos importantes descobertas científicas. O ESO também tem um papel importante na promoção e organização de cooperação nas pesquisas astronômicas.

 O ESO mantém em funcionamento três observatórios de ponta, no Chile: La Silla, Paranal e Chajnantor. No Paranal, o ESO opera o Very Large Telescope, o observatório astronômico óptico mais avançado do mundo e dois telescópios de rastreio.

 O VISTA, o maior telescópio de rastreio do mundo que trabalha no infravermelho e o VLT Survey Telescope, o maior telescópio concebido exclusivamente para mapear os céus no visível. O ESO é o parceiro europeu do revolucionário telescópio ALMA, o maior projeto astronômico que existe atualmente.

 O ESO está planejando o European Extremely Large Telescope, E-ELT, um telescópio de 39 metros que observará na banda do visível e infravermelho próximo. O E-ELT será “o maior olho do mundo virado para o céu”.

‣ Fonte: ESO

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Acompanhe ao vivo o eclipse solar anelar a partir da Austrália


 A sombra da Lua nova tocará brevemente o planeta Terra, por ser num local longínquo (não visível no Brasil).

 Ainda assim, se você vive no continente Antártico dentro de poucas centenas de quilômetros da latitude sul de 79 graus 38.7 minutos, e da longitude leste de 131 graus 15.6 minutos, você poderá ver um eclipse anelar solar com o Sol logo acima do horizonte.

 Pelo fato da Lua estar se aproximando do apogeu, o ponto mais distante na sua órbita elíptica, seu tamanho aparente não será grande o suficiente para cobrir completamente o disco solar. Um raro, eclipse fora do centro, à fase anelar durará no máximo 49 segundos. Nesse ponto auge o Sol aparecerá como um anel de fogo.

 Por outro lado, um eclipse parcial do Sol com a Lua cobrindo no mínimo alguma parte do Sol será visto numa região bem mais ampla no hemisfério sul, incluindo parte da Austrália á tarde.

 A Slooh irá transmitir as fases parciais do eclipse solar anelar a partir da Austrália (se o clima no local estiver favorável). Cobertura começará nesta madrugada, 29 de abril a partir das 3 horas (horário de Brasília). O fluxo de imagens ao vivo será acompanhado por debates (em inglês) liderados pelo anfitrião da Slooh Geoff Fox e diretor do Observatório Paul Cox.

 A Slooh também irá contar com o especialista convidado Dr. Lucie Green, um colaborador da BBC e pesquisador solar no Mullard Space Science Laboratory.

sábado, 26 de abril de 2014

Os telescópios Spitzer e WISE da NASA encontraram a estrela mais fria próxima do Sol

Essa concepção artística mostra o objeto chamado WISE J085510.83-071442.5, a anã marrom mais fria já conhecida. Anãs marrons são corpos como estrelas fracas que não têm massa suficiente para queimar combustível nuclear como fazem as estrelas. Crédito: NASA/JPL-Caltech/Penn State University
 Os telescópios espaciais Wide-field Infrared Survey Explorer (WISE) e Spitzer da NASA descobriram o que parece ser a mais fria “anã marrom” conhecida – um corpo parecido com uma estrela fraca que, surpreendentemente, é tão gelado quanto o polo norte da Terra.

 As imagens dos telescópios também identificaram a distância do objeto que está a 7,2 anos-luz de distância, ganhando o título de quarto objeto mais próximo do nosso Sistema Solar. O sistema mais próximo, um trio de estrelas, é Alpha Centauri, a cerca de 4 anos-luz de distância.

 “É muito emocionante descobrir um novo vizinho que está tão perto do nosso Sistema Solar”, disse Kevin Luhman, astrônomo do Centro de Exoplanetas e Mundos Habitáveis da Universidade Estadual da Pensilvânia.

 “E dada a sua temperatura extrema, deve dizer-nos muito sobre as atmosferas de planetas, que muitas vezes têm temperaturas semelhantemente frias”.

Essa animação mostra a mais fria anã marrom já vista e o quarto sistema mais próximo do nosso Sol. Chamado de WISE J085510.83-071442.5, esse objeto escuro foi descoberto através do seu movimento rápido pelo céu. Crédito: NASA/JPL-Caltech/Penn State University
 Anãs marrons começam suas vidas como estrelas, como bolas de gás em colapso, mas falta-lhes massa para queimar combustível nuclear e irradiar a luz estelar. A mais fria anã marrom recém-descoberta foi nomeada WISE J085510.83-071442.5. Tem uma temperatura que varia entre 48 e 13 graus Celsius negativos.

 As titulares registradas anteriormente para anãs marrons mais frias, também encontradas por WISE e Spitzer, possuíam temperatura ambiente. WISE foi capaz de detectar este objeto raro porque ele examinou o céu inteiro duas vezes em luz infravermelha, observando algumas áreas até três vezes.

 Objetos frios como as anãs marrons podem ser invisíveis quando vistos por telescópios de luz visível, mas seu brilho térmico – mesmo sendo fraco – destaca-se em luz infravermelha. Além disso, quanto mais próximo o corpo, mais ele parece se mover nas imagens separadas por meses. Os aviões são um bom exemplo deste efeito: um avião voando baixo vai parecer mais rápido do que um avião voando alto.

 “Este objeto parecia se mover muito rápido nos dados do WISE”, disse Luhman.

 “Isso nos disse que era algo especial”. Após perceber o movimento rápido de WISE J085510.83-071442.5 em março de 2013, Luhman gastou seu tempo analisando imagens adicionais tiradas com o Spitzer e com o telescópio Gemini Sul em Cerro Pachón, no Chile.

 Observações em infravermelho do Spitzer ajudaram a determinar a temperatura gelada da anã marrom. Detecções combinadas de WISE e Spitzer, tiradas de diferentes posições ao redor do Sol, possibilitaram a medição da distância através do efeito de paralaxe.

 Este é o mesmo princípio que explica por que seu dedo, quando estendido à sua frente, parece saltar de um lado para outro quando você alterna a vista entre o olho esquerdo e direito.

Esse diagrama ilustra a localização dos sistemas estelares mais próximos do Sol. O ano em que a distância de cada sistema foi determinado é listado após o nome do sistema. Crédito: NASA/Penn State University
 “É notável que, mesmo depois de muitas décadas de estudo do céu, ainda não temos um inventário completo dos vizinhos mais próximos do Sol”, disse Michael Werner, cientista do projeto Spitzer no Laboratório de Propulsão a Jato (JPL, na sigla em inglês) da NASA em Pasadena, Califórnia, JPL administra e opera Spitzer.

 “Este novo resultado emocionante demonstra o poder de explorar o Universo utilizando novas ferramentas, tais como os olhos infravermelhos do WISE e Spitzer”.

 Estima-se que WISE J085510.83-071442.5 tenha cerca de 3 a 10 vezes a massa de Júpiter. Com uma massa tão baixa, poderia ser um gigante gasoso semelhante a Júpiter que foi expulso do seu sistema estelar.

 Mas os cientistas estimam que seja provavelmente uma anã marrom ao invés de um planeta, pois as anãs marrons são conhecidas por serem bastante comuns. Se assim for, está é uma das menores anãs marrons.

 Em março de 2013, analisando as imagens do WISE, Luhman descobriu um par de anãs marrons muito mais quentes e a uma distância de 6,5 anos-luz, fazendo com que esse sistema seja o terceiro mais próximo do Sol.

 Sua busca por corpos movendo-se rapidamente também demonstrou que o Sistema Solar exterior, provavelmente, não contém um grande planeta ainda não descoberto, que tem sido chamado de “Planeta X” ou “Nêmesis”.

-Para mais informações sobre a missão WISE da NASA, visite (em inglês): www.nasa.gov/wise.

-Para mais informações sobre a missão Spitzer da NASA, visite (em inglês): www.nasa.gov/spitzer.

‣ Fonte (em inglês): JPL
-Colaboração: Ivan Lopes

sexta-feira, 25 de abril de 2014

O rover Curiosity registrou pela primeira vez asteroides nos céus de Marte

O rover Curiosity da NASA em Marte capturou a primeira imagem de asteroide tirada na superfície marciana. A imagem inclui dois asteroides, Ceres e Vesta. A imagem também inclui a lua Deimos de Marte em um baixo-relevo circular, exposição ajustada e inserções quadradas à esquerda de outras observações, na mesma noite. Crédito: NASA/JPL-Caltech/MSSS/Texas A&M
 Uma nova imagem feita pelo rover Curiosity em Marte é a primeira imagem já feita da superfície do planeta e que mostra um asteroide no céu do planeta vermelho, nesse caso, na verdade, são dois: Ceres e Vesta.

 Esses dois – o maior, e o terceiro maior corpo no cinturão de asteroides localizado entre Marte e Júpiter – são os destinos da sonda Dawn, da NASA. A Dawn orbitou o Vesta em 2011 e 2012, e está a caminho de orbitar Ceres no próximo ano.

 Ceres é um planeta anão, bem como um asteroide. Ceres e Vesta aparecem como pequenos e apagados rastros em uma imagem de 12 segundos de exposição feita pela Mast Camera (MastCam) do Curiosity, no dia 20 de abril de 2014.

 “Esse imageamento foi parte de um experimento desenvolvido para checar a opacidade da atmosfera na noite no local onde o Curiosity se encontra, em Marte, onde nuvens de gelo de água e névoas se desenvolvem durante essa estação”, disse um membro da câmera Mark Lemmon da Texas A&M University em College Station.

 “As duas luas marcianas eram os principais alvos da noite, mas nós escolhemos um momento quando uma das duas luas estava perto de Ceres e Vesta no céu”.

 Ceres e Vesta são muito maiores e estão muito mais distantes da órbita da Terra do que os tipos de asteroides próximos do nosso planeta que estão sendo considerados pela iniciativa de asteroides da NASA.

 Essa iniciativa inclui duas atividades separadas, mas correlacionadas: a missão de redirecionamento de asteroide e o grande desafio.

 A NASA está atualmente desenvolvendo conceitos para a missão de redirecionamento que empregará uma nave robô, guiada por um avançado sistema de propulsão solar elétrico, para capturar um pequeno asteroide próximo da Terra, ou remover um pedaço de rocha da superfície de um asteroide maior.

 A nave então tentará redirecionar o objeto colocando-o numa órbita estável ao redor da Lua. Os astronautas viajarão a bordo da nave Orion da NASA, lançada no foguete Space Launch System, para se aproximar numa órbita lunar do asteroide capturado.

 Uma vez lá, eles coletarão amostras para retornar para a Terra para estudo. O grande desafio é uma pesquisa pelas melhores ideias para encontrar asteroides que possam representar uma ameaça potencial para a população humana, e para acelerar o trabalho da NASA já feito, voltado para a defesa planetária.

 O Mars Science Laboratory Project da NASA está usando o Curiosity para acessar antigos ambientes habitáveis e as maiores mudanças ambientais ocorridas no meio ambiente marciano.

 O Jet Propulsion Laboratory (JPL), uma divisão do Instituto de Tecnologia da Califórnia em Pasadena, construiu o rover e gerencia o projeto para o Science Mission Directorate da NASA em Washington.

 A Malin Space Science Systems, em San Diego, construiu e opera a MastCam do rover.

-Mais informações sobre a missão Dawn está disponível (em inglês): www.nasa.gov/dawn e http://dawn.jpl.nasa.gov.

-Para mais informações sobre o Curiosity, visite (em inglês): www.nasa.gov/msl e http://mars.jpl.nasa.gov/msl.

-Você pode seguir a missão no Facebook e no Twitter.

‣ Fonte (em inglês): JPL
‣ Via: CiencTec

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Par único de buracos negros escondidos é descoberto pelo XMM-Newton

Composição artística de um sistema binário de buracos negros supermassivos. Crédito: ESA/C. Carreau
 Um par de buracos negros supermassivos em órbita um do outro foi registrado pelo XMM-Newton. Essa é a primeira vez que um par tem sido observado numa galáxia ordinária. Eles foram descobertos, pois estavam arrebentando uma estrela quando o observatório espacial estava olhando na sua direção.

 A maior parte das galáxias massivas no Universo são pensadas em abrigar no mínimo um buraco negro supermassivo em seus centros. Dois buracos negros supermassivos são as evidências de que galáxias estão se fundindo.

 Assim, encontrar, buracos negros supermassivos binários podem dizer aos astrônomos sobre como as galáxias desenvolvem nas suas formas e tamanhos atuais. Até hoje, somente poucos candidatos a buracos negros supermassivos binários próximos foram encontrados.

 Todos eles estão em galáxias ativas onde eles estão constantemente rompendo nuvens de gás, num prelúdio da colisão entre eles, que deve acontecer em algum momento. No processo de destruição, o gás é aquecido a temperaturas tão altas que ele brilha em muitos comprimentos de onda, incluindo em raios-X.

 Isso dá a galáxia um centro brilhante incomum, e leva a elas serem chamadas de ativas. A nova descoberta, reportada por Fukun Liu, da Universidade de Pequim, em Pequim, na China e seus colegas, é importante, pois ele é o primeiro a encontrar esse tipo de interação em galáxias que não sejam ativas.

 “Pode haver um população inteira de galáxias quiescentes que abrigam buracos negros binários em seus centros”, disse o co-autor Stefanie Komossa, do Max Planck Institute for Radio Astronomy, em Bonn, na Alemanha.

 Mas encontrá-los é uma tarefa difícil em galáxias quiescentes, não existem nuvens de gás alimentando os buracos negros, e assim os núcleos dessas galáxias são verdadeiramente escuros. A única esperança que os astrônomos têm é olhar na direção certa no momento em que um buraco negro está trabalhando, e destruindo uma estrela em pedaços.

 Esse tipo de ocorrência é chamado de “evento de ruptura de maré”. À medida que a estrela é puxada pela gravidade do buraco negro, ela emite um brilho de raios-X. Numa galáxia ativa, o buraco negro é continuamente alimentado pelas nuvens de gás.

 Numa galáxia quiescente, o buraco negro é alimentado pelos eventos de ruptura de maré que ocorrem esporadicamente e são impossíveis de serem previstos. Assim, para aumentar a chance de se observar um evento desses, os pesquisadores usam o Observatório de Raios-X XMM-Newton da ESA (Agência Espacial Europeia) de uma maneira nova.

 Normalmente, o observatório coleta os dados de alvos designados, um por vez. Uma vez que ele completa a observação, ele passa para o próximo objeto da lista. O truque é que durante esse movimento, o XMM-Newton mantém os instrumentos focados e registrando.

 Efetivamente essa pesquisa do céu tem um padrão aleatório, produzindo dados que podem ser analisados em busca de fontes de raios-X desconhecidas e inesperadas. Em 10 de junho de 2010, um evento de ruptura de maré foi registrado pelo XMM-Newton na galáxia SDSS J120136.02+300305.5.

Faixas brilhantes em raios-X grava a história de enormes quantidades de dados do XMM-Newton enquanto se move o foco entre objetos diferentes no céu. A imagem contém informações de mais de 1,200 dados individuais feitos entre 2001 e 2012 e abrange cerca de 62 por cento do céu. É um mosaico de 73,178 imagens individuais de 1 x 0.5 graus e é mostrado na projeção galáctica, com o plano galáctico, deitada sobre o centro da imagem. Os dados cobrem uma gama de energia de 0.2–2 keV. Certo número de fontes de raios-X conhecidos é visto na imagem, incluindo o remanescente de supernova da Vela (o recurso de branco brilhante à direita), o Laço do Cisne (à esquerda), Scorpius X-1 (logo acima do centro da imagem) e a Grande e Pequena Nuvem de Magalhães (no polo sul da eclíptica, dentro da região concentrada de sobreposição de dados no canto inferior direito da imagem). Crédito: ESA/A. Read (University of Leicester)
 Komossa e seus colegas estavam escaneando os dados em busca desses eventos e programando observações subsequentes poucos dias depois com o XMM-Newton e com o satélite Swift da NASA.

 A galáxia estava expelindo raios-X no espaço. Se parecia exatamente como um evento de ruptura de maré causado por um buraco negro supermassivo, mas enquanto eles rastreavam a vagarosa emissão que se apagava dia após dia, algo estranho aconteceu.

 Os raios-X caíram abaixo dos níveis detectáveis entre os dias 27 e 48 depois da descoberta. Então eles reapareceram e continuaram a seguir uma taxa de queda mais esperada, como se nada tivesse acontecido. Agora, graças a Fukun Liu, o comportamento pode ser explicado.

 “Isso é exatamente o que se espera de um par de buracos negros supermassivos, orbitando um ao redor do outro”, disse Liu.

 Liu tem trabalhado em modelos de sistemas binários de buracos negros que previu uma repentina queda para a escuridão e então a recuperação do brilho, pois a gravidade de um dos buracos negros corrompeu o fluxo de gás de outro, temporariamente privando-o do combustível necessário para gerar um brilho em raios-X.

 Ele encontrou que duas possíveis configurações eram possíveis para reproduzir as observações da J120136. Na primeira, o buraco negro primário continha 10 milhões de vezes a massa do Sol e estava orbitando um buraco negro de cerca de um milhão de vezes a massa do Sol em uma órbita elíptica.

 Na segunda solução, o buraco negro primário, tinha cerca de um milhão de vezes a massa do Sol e tinha uma órbita circular. Em ambos os casos, a separação entre os buracos negros era relativamente pequena: cerca de 0.6 milliparsecs, ou algo em torno de 2 milionésimos de um ano-luz.

 Isso é aproximadamente a largura do Sistema Solar. Sendo tão próximos, o destino desse par de buracos negros recém-descoberto está selado. Eles irão irradiar sua energia orbital, gradativamente espiralando de forma conjunta, até cerca de 2 milhões de anos eles se fundirão em um único buraco negro.

 Agora que os astrônomos encontraram seu primeiro candidato para um buraco negro binário, em uma galáxia quiescente, a pesquisa é mais do que inevitável.

 O XMM-Newton continuará sua vagarosa busca. Essa detecção também despertará o interesse numa rede de telescópios que pesquisem o céu como um todo em busca dos eventos de ruptura de maré.

 “Uma vez que se detectem milhares de eventos de ruptura de maré, nós podemos começar a extrair estatísticas confiáveis sobre a taxa em que as galáxias se fundem”, disse Komossa.

 Existe outra esperança para o futuro. Quando buracos negros binários se fundem, é previsto que eles lancem uma explosão massiva de energia no Universo, mas não na sua maioria em raios-X.

 “A fusão final espera-se ser a fonte mais intensa de ondas gravitacionais no Universo”, disse Liu.

 As ondas gravitacionais são ondas no contínuo espaço-tempo. Os astrônomos ao redor do mundo estão atualmente construindo um novo tipo de observatório para detectar essas ondulações.

 A ESA também está envolvida em abrir essa nova janela no Universo. Em 2015, a ESA lançará a sonda LISA Pathfinder, que testará a tecnologia necessária para se construir um detector espacial de ondas gravitacionais.

 A pesquisa pelas elusivas ondas gravitacionais é também um tema para uma grande missão científica da ESA, a missão L3, no programa Cosmic Vision. Por enquanto, o XMM-Newton continuará procurando pelos eventos de rompimento de maré que indicam a presença de candidatos a buracos negros supermassivos binários.

 “O uso inovador das observações feitas com o XMM-Newton tornou possível à detecção dos sistemas binários de buracos negros supermassivos”, disse Norbert Schartel, Cientista de Projeto do XMM-Newton da ESA.

 “Isso demonstra a importância de se manter por longos períodos observatórios espaciais que podem detectar eventos raros que potencialmente podem abrir novas áreas na astronomia”.

‣ Fonte (em inglês): ESA
‣ Via: CiencTec

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Acompanhe ao vivo a chuva de meteoros Lirídeas


 A Slooh transmitira ao vivo uma cobertura dos meteoros Lirídeas (se o tempo no local permitir), com comentários do astrônomo Bob Berman e os especialistas da equipe Slooh, podendo ser acompanhado logo acima.

 Os Lirídeas são uma chuva considerada média, produz normalmente cerca de 20 meteoros por hora em seu pico. A chuva de meteoros atinge o auge em 22 de abril, embora alguns meteoros podem ser visíveis a partir de 16 até 25 de abril.

 A Lua minguante vai ficar visível, podendo esconder alguns dos meteoros menos brilhantes. Procure por meteoros que irradiam da constelação de Lira depois da meia-noite até o amanhecer. Encontre um local escuro, longe das luzes da cidade.