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domingo, 21 de dezembro de 2014

As estrelas quentes e azuis de Messier 47

Esta imagem espetacular do aglomerado estelar Messier 47 foi obtida com a câmera Wide Field Imager, instalada no telescópio MPG/ESO de 2,2 metros no Observatório de La Silla do ESO, no Chile. Apesar deste jovem aglomerado aberto ser dominado por estrelas azuis brilhantes, contém também algumas estrelas gigantes vermelhas contrastantes. Crédito: © ESO
 Apesar deste jovem aglomerado aberto ser dominado por estrelas azuis e brilhantes, contém também algumas estrelas gigantes vermelhas contrastantes. O aglomerado estelar Messier 47 situa-se a aproximadamente 1.600 anos-luz de distância da Terra, na Constelação da Popa.

 Foi observado pela primeira vez alguns anos antes de 1664 pelo astrônomo italiano Giovanni Battista Hodierna e descoberto mais tarde de forma independente por Charles Messier que, aparentemente, não tinha conhecimento da observação feita anteriormente por Hodierna.


 Embora seja brilhante e fácil de observar, Messier 47 é um dos aglomerados abertos com menos população. São apenas visíveis cerca de 50 estrelas neste aglomerado, distribuídas numa região com uma dimensão de 12 anos-luz, isto comparado com objetos similares que podem conter milhares de estrelas.

Este mapa mostra a Constelação da Popa onde se assinalam todas as estrelas visíveis a olho nu numa noite límpida e escura. Esta região do céu inclui alguns aglomerados estelares brilhantes, entre eles o aglomerado Messier 47 (marcado com um círculo vermelho) e o seu irmão contrastante, Messier 46. Ambos os aglomerados podem ser observados através de pequenos telescópios. Crédito: © ESO, IAU & Sky and Telescope
 Messier 47 nem sempre foi fácil de identificar. De fato, durante anos foi dado como desaparecido, já que Messier anotou as suas coordenadas de forma errada. O aglomerado foi posteriormente redescoberto, tendo-lhe sido atribuída outra designação de catálogo, NGC 2422.

 A certeza do erro de Messier e a conclusão firme de que Messier 47 e NGC 2422 eram de fato o mesmo objeto apenas foi estabelecida em 1959 pelo astrônomo canadense T. F. Morris. As cores azuis esbranquiçadas brilhantes destas estrelas são indicativas da sua temperatura, com estrelas mais quentes apresentando a cor azul e as mais frias a vermelha.

 Esta relação entre cor, brilho e temperatura pode ser visualizada através da curva de Planck. No entanto, um estudo mais detalhado das cores das estrelas usando espectroscopia dá muita informação aos astrônomos — incluindo a sua velocidade de rotação e composição química.

Esta imagem de grande angular mostra parte da Constelação da Popa. Esta região do céu inclui alguns aglomerados estelares brilhantes, entre eles o aglomerado Messier 47, que pode ser observado no centro da imagem, e o seu irmão contrastante, o aglomerado Messier 46, próximo da margem esquerda da imagem, o qual é mais rico em estrelas, mas encontra-se muito mais distante, aparecendo-nos por isso mais tênue. Esta imagem foi criada a partir de dados do Digitized Sky Survey 2. Crédito: © ESO/Digitized Sky Survey 2. Reconhecimento: Davide De Martin
 Vemos também na imagem algumas estrelas vermelhas brilhantes — tratam-se de estrelas gigantes vermelhas que se encontram numa fase mais avançada das suas curtas vidas do que as estrelas azuis menos massivas. Estas últimas duram portanto mais tempo. Por mero acaso, Messier 47 parece estar próximo no céu de outro aglomerado estelar contrastante, Messier 46.

 Messier 47 encontra-se relativamente perto de nós, a cerca de 1.500 anos-luz, enquanto o Messier 46 se situa a cerca de 5.500 anos-luz de distância e contém muito mais estrelas, pelo menos 500. Apesar de conter mais estrelas, este aglomerado apresenta-se significativamente mais tênue devido à maior distância a que se encontra da Terra.

Esta sequência de vídeo leva-nos numa viagem até o aglomerado estelar brilhante próximo Messier 47. À medida que nos aproximamos observamos também o aglomerado contrastante Messier 46. A imagem final foi obtida com a câmera Wide Field Imager. Crédito: © ESO/Digitized Sky Survey 2/N. Risinger (skysurvey.org). Música: movetwo

 Messier 46 poderia ser considerado o irmão mais velho de Messier 47, com aproximadamente 300 milhões de anos comparado com os 78 milhões de anos de Messier 47. Consequentemente, muitas das estrelas mais massivas e brilhantes de Messier 46 já viveram as suas curtas vidas, não sendo visíveis, e por isso a maioria das estrelas que vivem no seio deste aglomerado mais velho são mais vermelhas e frias.

 Esta imagem de Messier 47 foi criada no âmbito do programa Joias Cósmicas do ESO, uma iniciativa que visa obter imagens de objetos interessantes, intrigantes ou visualmente atrativos, utilizando os telescópios do ESO, para efeitos de educação e divulgação científica.

 O programa utiliza pouco tempo de observação, combinado com tempo de telescópio inutilizado, de modo a minimizar o impacto nas observações científicas.

Este vídeo panorâmico dá-nos uma visão detalhada da nova imagem do aglomerado estelar Messier 47, obtida com a câmera Wide Field Imager. Crédito: © ESO. Música: movetwo

 Todos os dados são também postos à disposição dos astrônomos através do arquivo científico do ESO. O tempo de vida de uma estrela depende essencialmente da sua massa. As estrelas massivas, contendo muitas vezes a massa do Sol, têm vidas curtas medidas em milhões de anos. Por outro lado, as estrelas muito menos massivas podem continuar a brilhar durante muitos bilhões de anos.

 Num aglomerado, as estrelas têm todas cerca da mesma idade e possuem a mesma composição química inicial. Por isso, as estrelas massivas brilhantes evoluem mais depressa, tornam-se gigantes vermelhas e terminam as suas vidas, deixando as menos massivas e mais frias vivendo ainda por muitos e longos anos.

‣ Fonte: European Southern Observatory (ESO)

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