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quinta-feira, 3 de julho de 2014

Um útero estelar moldado e destruído por progenitura ingrata

Esta nova imagem detalhada obtida pelo telescópio MPG/ESO de 2,2 metros no Observatório de La Silla, no Chile, mostra a região de formação estelar Gum 15. Este objeto pouco conhecido situa-se na constelação da Vela, a cerca de 3.000 anos-luz de distância da Terra. Esta nuvem brilhante é um excelente exemplo de uma região HII, apresentando também semelhanças com a Nebulosa Trífida (Messier 20), uma região HII mais famosa. Crédito: ESO
 A pouco conhecida nuvem de gás e poeira cósmica chamada Gum 15 é o local de nascimento e moradia de estrelas jovens massivas. Bonitas mas mortíferas, estas estrelas moldam a aparência da nebulosa materna e, à medida que avançam para a idade adulta, serão eventualmente a causa da sua morte. 

 Esta imagem foi obtida no âmbito do programa Joias Cósmicas do ESO com o instrumento Wide Field Imager montado no telescópio MPG/ESO de 2,2 metros no Observatório de La Silla, no Chile. A imagem mostra a Gum 15, situada na constelação da Vela, a cerca de 3.000 anos-luz de distância da Terra. 

 Esta nuvem brilhante é um bom exemplo de uma região HII. Estas nuvens formam alguns dos objetos astronômicos mais espetaculares que vemos; por exemplo a Nebulosa da Águia (que inclui os bens conhecidos “Pilares da Criação”), a enorme Nebulosa de Órion e este exemplo menos famoso, a Gum 15. 

Este mapa mostra a localização da região de formação estelar Gum 15 (círculo vermelho), na constelação austral da Vela. Este objeto parece espetacular em fotografias mas é muito ténue e brilhante principalmente na região vermelha do espectro. Como consequência, é muito difícil observá-lo visualmente, embora as muitas estrelas brilhantes na região se vejam facilmente. Crédito: ESO, IAU and Sky & Telescope
 O hidrogênio (H) é o elemento mais abundante no Universo e pode ser encontrado em praticamente qualquer meio investigado pelos astrônomos. As regiões HII são diferentes porque contêm quantidades substanciais de hidrogênio ionizado — átomos de hidrogênio que perderam os seus elétrons devido a interações com fótons ultravioletas de alta energia — partículas de luz. 

 À medida que os núcleos do hidrogênio ionizado recapturam os elétrons, libertam radiação de um característico comprimento de onda vermelho, o que dá às nebulosas, tais como a Gum 15, este brilho avermelhado — um brilho a que os astrônomos chamam hidrogênio-alfa (Hα). 

 Nas regiões HII os fótons ionizantes são emitidos pelas estrelas jovens massivas muito quentes da região e a Gum 15 não é exceção. No centro da imagem podemos ver uma das culpadas: a estrela HD 74804, o membro mais brilhante de um enxame estelar chamado Collinder 197. 

Esta imagem de grande angular captura a paisagem celeste em torno da Gum 15, o objeto que se vê no centro. Entre muitos outros objetos o enxame estelar NGC 2671 é visível um pouco para baixo e à esquerda do centro e à direita embaixo vemos alguns dos filamentos que formam a remanescente de supernova da Vela. Esta imagem foi criada a partir de dados do Digitized Sky Survey 2. Crédito: ESO/Digitized Sky Survey 2. — Reconhecimento: Davide De Martin
 A aparência nodosa e irregular que aumenta a beleza desta nebulosa não é invulgar numa região HII e é, uma vez mais, resultado das estrelas que se encontram no seu interior. As regiões HII têm diversas formas porque a distribuição das estrelas e do gás no seu interior é muito irregular. 

 A acrescentar à forma interessante da Gum 15, temos ainda uma zona escura bifurcada de poeira obscurante visível no centro da imagem e algumas estruturas de reflexão ténues azuis que a atravessam.  

 Esta estrutura na poeira faz com que a nebulosa pareça uma versão maior e mais ténue da bem conhecida Nebulosa Trífida (Messier 20), embora neste caso o nome bífida fosse mais apropriado. Uma região HII como esta pode dar origem a milhares de estrelas durante um período de vários milhões de anos. 

 Estas estrelas esculpem a forma da nebulosa ao mesmo tempo que a fazem brilhar, e são também elas que eventualmente a destruirão. Assim que as estrelas recém-formadas passam as primeiras fases da sua evolução, fortes ventos de partículas são lançados pelas estrelas, esculpindo e dispersando os gases em seu redor. 

 Quando as mais massivas destas estrelas começarem a morrer, a Gum 15 morrerá com elas, já que estas estrelas são tão grandes que terminarão as suas vidas em explosões de supernova, dispersando os últimos restos de HII e deixando para trás apenas um enxame de estrelas jovens. 


Este novo vídeo panorâmico detalhado, criado a partir de dados obtidos pelo telescópio MPG/ESO de 2,2 metros no Observatório de La Silla, no Chile, mostra a região de formação estelar Gum 15. Este objeto pouco conhecido situa-se na constelação da Vela, a cerca de 3.000 anos-luz de distância da Terra. Esta nuvem brilhante é um excelente exemplo de uma região HII, apresentando também semelhanças com a Nebulosa Trífida (Messier 20), uma região HII mais famosa. Crédito: ESO. Música: Movetwo

 O programa Joias Cósmicas do ESO visa obter imagens de objetos interessantes, intrigantes ou visualmente atrativos, utilizando os telescópios do ESO, para efeitos de educação e divulgação científica. 

 O programa utiliza tempo de telescópio que não pode ser usado em observações científicas. Todos os dados obtidos podem ter igualmente interesse científico e são por isso postos à disposição dos astrônomos através do arquivo científico do ESO. 

 O nome deste objeto vem do astrônomo australiano Collin Gum, que publicou um catálogo de regiões HII em 1955. As regiões HII são enormes nuvens de gás e poeira onde ocorrem episódios de formação estelar e onde vivem estrelas recém-formadas. 

 O ESO é a mais importante organização europeia intergovernamental para a pesquisa em astronomia e é o observatório astronômico mais produtivo do mundo. O ESO é financiado por 15 países: Alemanha, Áustria, Bélgica, Brasil, Dinamarca, Espanha, Finlândia, França, Holanda, Itália, Portugal, Reino Unido, República Checa, Suécia e Suíça. 

 O ESO destaca-se por levar a cabo um programa de trabalhos ambicioso, focado na concepção, construção e funcionamento de observatórios astronômicos terrestres de ponta, que possibilitam aos astrônomos importantes descobertas científicas. O ESO também tem um papel importante na promoção e organização de cooperação nas pesquisas astronômicas. 

 O ESO mantém em funcionamento três observatórios de ponta, no Chile: La Silla, Paranal e Chajnantor. No Paranal, o ESO opera o Very Large Telescope, o observatório astronômico óptico mais avançado do mundo e dois telescópios de rastreio. 

 O VISTA, o maior telescópio de rastreio do mundo que trabalha no infravermelho e o VLT Survey Telescope, o maior telescópio concebido exclusivamente para mapear os céus no visível. O ESO é o parceiro europeu do revolucionário telescópio ALMA, o maior projeto astronômico que existe atualmente. 

 O ESO está planejando o European Extremely Large Telescope, E-ELT, um telescópio de 39 metros que observará na banda do visível e infravermelho próximo. O E-ELT será “o maior olho do mundo virado para o céu”.

‣ Fonte: ESO

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