Os astrônomos anunciaram ontem, dia 17 de março de 2014, que
conseguiram a primeira evidência direta de que ondas gravitacionais percorreram
o nosso Universo ainda jovem, durante um período de crescimento explosivo
chamado inflação.
Esta é uma confirmação mais forte ainda de teorias de inflação
cósmica, que dizem que o Universo se expandiu 100 trilhões de trilhões de vezes
em menos de um piscar de olhos.
As descobertas foram feitas com a ajuda da tecnologia de um
detector desenvolvido pela NASA no telescópio BICEP2 no polo sul, em
colaboração com a Fundação Nacional de Ciência.
“Operar os últimos detectores em experiências terrestres ou
transmissões por balão, nos permitiu amadurecer estas tecnologias para missões
espaciais e, nesse processo, fazer descobertas sobre o Universo”, disse Paul
Hertz, diretor da Divisão de Astrofísica da NASA, em Washington.
Nosso Universo surgiu em um evento conhecido como Big Bang à
cerca de 13,8 bilhões de anos atrás. Momentos depois, o próprio espaço dilacerado ampliou-se
exponencialmente em um episódio conhecido como inflação.
Os sinais indicadores deste capítulo no início da história
do nosso Universo estão impressos nos céus, no brilho de uma relíquia chamada radiação
cósmica de fundo em micro-ondas.
Recentemente, esta teoria básica do Universo foi novamente
confirmada pelo satélite Planck, uma missão da Agência Espacial Europeia para a
qual a NASA forneceu detectores e uma tecnologia de resfriamento.
Mas os pesquisadores há muito tempo procuravam por
evidências mais diretas para a inflação sob a forma de ondas gravitacionais, que
espremem e esticam o espaço.
“Pequenas flutuações quânticas foram amplificadas para
tamanhos enormes pela expansão inflacionária do Universo”.
“Sabemos que isso produz outro tipo de ondas chamadas ondas
de densidade, mas queríamos testar se as ondas gravitacionais eram produzidas
também”, disse o co-líder do projeto Jamie Bock, do Laboratório de Propulsão a
Jato (JPL, na sigla em inglês) da NASA, em Pasadena, Califórnia, que
desenvolveu a tecnologia do detector de BICEP2.
Bock tem um compromisso em conjunto com o Instituto de
Tecnologia da Califórnia, também em Pasadena. As ondas gravitacionais produziam um padrão com
características de um turbilhão em luz polarizada, chamada polarização “modo B”.
A luz pode tornar-se polarizada pela dispersão nas superfícies,
tais como um carro ou uma lagoa. Óculos polarizados rejeitam a luz polarizada para reduzir o
brilho.
No caso da radiação cósmica de fundo em micro-ondas, a luz
espalha partículas chamadas de elétrons para tornar-se ligeiramente polarizada.
A equipe da BICEP2 assumiu o desafio de detectar o modo B de
polarização, reunindo os maiores especialistas na área, desenvolvendo uma
tecnologia revolucionária e viajando para o melhor local de observação da Terra
no polo sul.
A colaboração inclui grandes contribuições da Caltech; JPL;
Universidade de Stanford, em Stanford, na Califórnia; Universidade de Harvard,
em Cambridge, Massachusetts, e da Universidade de Minnesota, em Minneapolis.
Como resultado das experiências realizadas desde 2006, a
equipe foi capaz de produzir provas convincentes para o sinal em modo B e, com
ele, o apoio mais forte ainda para a inflação cósmica.
A chave para seu sucesso foi à utilização de novos supercondutores
nos detectores. Supercondutores são materiais que, quando refrigerados,
permitem que a corrente elétrica flua livremente, com resistência zero.
“Nossa tecnologia combina as propriedades de
supercondutividade com minúsculas estruturas que só podem ser vistas com um
microscópio”.
“Estes dispositivos são fabricados com o mesmo processo de micro
usinagem, como nos sensores em telefones celulares e controles do Wii”, disse
Anthony Turner, que faz esses dispositivos usando equipamentos de fabricação
especializada do Microdevices Laboratory, do JPL.
O sinal de modo B é extremamente fraco. De forma a obter a sensibilidade necessária para detectar o
sinal de polarização, Bock e Turner desenvolveram um único conjunto de
detectores múltiplos, semelhante aos pixels em câmeras digitais modernas, mas
com a capacidade adicional de detectar a polarização.
O sistema detector inteiro opera em frio de 0,25 Kelvin,
apenas 0,45 graus centígrados acima da temperatura mais baixa possível, o zero
absoluto.
“Esta medida extremamente desafiadora necessitou de uma
arquitetura totalmente nova”, disse Bock.
“Nossa proposta é como fazer uma câmera e construí-la em uma
placa de circuito impresso”.
O experimento BICEP2 utilizou 512 detectores, que aceleraram
as observações da radiação cósmica de fundo em micro-ondas por 10 vezes ao
longo das medições anteriores da equipe.
Sua nova experiência, que já está fazendo observações,
utiliza 2,560 detectores. Este e os experimentos futuros, não só ajudam a confirmar
que o Universo inflou dramaticamente, mas estão fornecendo teorias com as
primeiras pistas sobre as forças exóticas que levaram ao espaço e tempo
separadamente.
Os resultados deste estudo foram submetidos à revista
Nature. O Laboratório de Propulsão a Jato é gerenciado pelo Instituto
de Tecnologia da Califórnia em Pasadena para a NASA.
Fonte (em inglês): NASA
Tradução: Ivan Lopes
Quem sabe eu programe um desses kk'
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