-

-
goasa.com.br

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Um casal incomum – Duas nuvens de gás muito diferentes na galáxia vizinha


O Very Large Telescope do ESO capturou esta intrigante região de formação estelar na Grande Nuvem de Magalhães – uma das galáxias satélite da Via Láctea.

Esta imagem muito nítida mostra duas nuvens distintas de gás brilhante: a NGC 2014 em tons de vermelho e a sua companheira azul, a NGC 2020.

Embora muito diferentes uma da outra, ambas foram esculpidas pelos mesmos ventos estelares fortes ejetados por estrelas recém nascidas extremamente quentes, as quais emitem também radiação que faz brilhar intensamente o gás.

Esta imagem foi obtida pelo Very Large Telescope (VLT), instalado no Observatório do Paranal do ESO, no Chile – o melhor local no hemisfério sul para a observação astronômica.

Mas mesmo sem a ajuda de telescópios como o VLT, um olhar de relance à constelação austral do Espadarte, numa noite escura e límpida, revela um borrão desfocado que, à primeira vista, parece ser uma nuvem na atmosfera terrestre.

Pelo menos, esta foi a primeira impressão do explorador Fernão de Magalhães durante a sua famosa viagem de circum-navegação, em 1519.

Embora Magalhães tenha sido morto nas Filipinas antes do término da viagem, a tripulação sobrevivente anunciou a presença desta nuvem e da sua irmã mais pequena aquando do regresso à Europa, tendo as duas pequenas galáxias sido posteriormente nomeadas em honra de Magalhães.

É, no entanto, claro que ambas tinham já sido observadas anteriormente por exploradores europeus e observadores no hemisfério sul, embora nunca tenham sido anunciadas.

"Este gráfico mostra a constelação do hemisfério sul Dorado (Peixe-Espada). A maioria das estrelas que podem ser vistas a olho nu em um céu escuro estão marcadas. Os locais de formação de estrelas NGC 2014 e NGC 2020 são indicados com um círculo vermelho. Estas nuvens brilhantes podem ser vistas levemente em um pequeno telescópio."
A Grande Nuvem de Magalhães está a formar novas estrelas ativamente.

Algumas das suas regiões de formação estelar podem inclusivamente ser vistas a olho nu como, por exemplo, a famosa Nebulosa da Tarântula.

No entanto, existem outras regiões mais pequenas – mas não menos intrigantes – que os telescópios conseguem revelar com todo o pormenor.

Esta nova imagem obtida pelo VLT explora um par curioso: a NGC 2014 e a NGC 2020.

A nuvem de tom rosado, à direita na imagem, a NGC 2014, é uma nuvem brilhante essencialmente constituída por hidrogênio gasoso e que contém um enxame de estrelas quentes jovens.

A radiação energética emitida por estas estrelas arranca os electrões aos átomos do hidrogênio que as rodeiam, ionizando o gás e produzindo o característico brilho avermelhado.

Para além desta radiação forte, as estrelas jovens de grande massa produzem igualmente fortes ventos estelares que fazem com que eventualmente o gás em torno delas se disperse e se afaste.

À esquerda do enxame principal, uma única estrela muito quente e brilhante parece ter dado inicio a este processo, criando uma cavidade que se encontra rodeada por uma estrutura semelhante a uma bolha, chamada NGC 2020.

A distinta cor azulada deste objeto assaz misterioso é, uma vez mais, criada por radiação emitida pela estrela quente – desta vez por oxigênio ionizado, em vez de hidrogênio.

As diferentes cores da NGC 2014 e da NGC 2020 são o resultado, tanto da diferente composição química do gás circundante, como das temperaturas das estrelas que fazem com que o gás brilhe.

As distâncias entre as estrelas e as respectivas nuvens de gás desempenham também um papel importante neste processo.

Esta vista de grande angular mostra um estranho par de objetos na constelação do Espadarte: NGC 2014 e NGC 2020. Estas duas nuvens de gás brilhante, no centro da imagem, estão situadas na Grande Nuvem de Magalhães, uma das galáxias satélite da Via Láctea. Ambos os objetos são esculpidos pelos ventos estelares fortes ejetados por estrelas jovens quentes. Esta imagem foi criada a partir de dados do Digitized Sky Survey 2.
A Grande Nuvem de Magalhães situa-se a apenas cerca de 163,000 anos-luz de distância da nossa Galáxia, a Via Láctea, o que, a uma escala cósmica, significa que está muito próxima.

Esta proximidade torna-a um alvo importante para os astrônomos, já que pode ser estudada com muito mais detalhe do que outros sistemas mais afastados.

Esta foi uma das motivações para construir telescópios no hemisfério sul, e que levou o ESO a estabelecer-se há mais de 50 anos atrás.

Apesar de ser enorme à escala humana, a Grande Nuvem de Magalhães tem menos de um décimo da massa da Via Láctea e a sua dimensão é de apenas 14,000 anos-luz – em termos de comparação, a Via Láctea cobre cerca de 100,000 anos-luz.

Os astrônomos referem-se a esta galáxia como sendo uma galáxia anã irregular; a sua irregularidade, combinada com a barra de estrelas central proeminente que apresenta, sugere que interações com a Via Láctea e com outra galáxia próxima, a Pequena Nuvem de Magalhães, podem ter dado origem à sua forma caótica.

Esta imagem foi obtida no âmbito do programa Jóias Cósmicas do ESO, pelo espectrógrafo FORS2 (FOcal Reducer and low dispersion Spectrograph), que opera no visível e no ultravioleta próximo, e que está instalado no VLT do ESO.

Embora esta constelação seja normalmente identificada com o espadarte, pensa-se que o menos comum dourado-macho seja mais adequado para a descrever. .

Esta estrela é um exemplo de uma classe rara de objetos chamados estrelas Wolf-Rayet.

Estes objetos de vida curta são muito quentes – as suas superfícies podem apresentar temperaturas dez vezes mais quentes do que a superfície do Sol -  e muito brilhantes e dominam a região que os rodeia.

Esta imagem foi obtida no âmbito do programa Jóias Cósmicas do ESO, uma iniciativa de divulgação científica, que visa obter imagens de objetos interessantes, intrigantes ou visualmente atrativos, utilizando os telescópios do ESO, para efeitos de educação e divulgação científica.

O programa utiliza tempo de telescópio que não pode ser usado para observações científicas.

Todos os dados obtidos podem ter igualmente interesse científico e são por isso postos à disposição dos astrônomos através do arquivo científico do ESO.



O ESO é a mais importante organização europeia intergovernamental para a investigação em astronomia e é o observatório astronômico mais produtivo do mundo.

O ESO é  financiado por 15 países: Alemanha, Áustria, Bélgica, Brasil, Dinamarca, Espanha, Finlândia, França, Holanda, Itália, Portugal, Reino Unido, República Checa, Suécia e Suíça.

O ESO destaca-se por levar a cabo um programa de trabalhos ambicioso, focado na concepção, construção e funcionamento de observatórios astronômicos terrestres de ponta, que possibilitam aos astrônomos importantes descobertas científicas.

O ESO também tem um papel importante na promoção e organização de cooperação na investigação astronômica.

O ESO mantém em funcionamento três observatórios de ponta, no Chile: La Silla, Paranal e Chajnantor.

No Paranal, o ESO opera  o Very Large Telescope, o observatório astronômico óptico mais avançado do mundo e dois telescópios de rastreio.

O VISTA, o maior telescópio de rastreio do mundo que trabalha no infravermelho e o VLT Survey Telescope, o maior telescópio concebido exclusivamente para mapear os céus no visível.

O ESO é o parceiro europeu do revolucionário telescópio ALMA, o maior projeto astronômico que existe atualmente.

O ESO encontra-se a planear o European Extremely Large Telescope, E-ELT, um telescópio de 39 metros que observará na banda do visível e do infravermelho próximo. O E-ELT será “o maior olho no céu do mundo”.



Fonte: ESO
Via: Cienctec

Nenhum comentário:

Postar um comentário