A explosão foi suficientemente espetacular para ser observada a olho nu durante sua primeira fase, mas os traços que deixou eram tão tênues que foi necessário realizar análises muito detalhadas com telescópios submilimétricos, cerca de 340 anos depois.
Os resultados foram publicados online hoje (23) na revista Nature. Alguns dos maiores astrônomos do século 17, incluindo Johannes Hevelius — o pai da cartografia lunar — e Giovanni Cassini, documentaram detalhadamente o aparecimento de uma nova estrela no céu em 1670.
Cisne — mas os astrônomos conhecem-na atualmente pelo nome de Nova Vulpeculae 1670 (Nova Vul 1670).
Registros históricos de novas são raros, mas são também de grande interesse para os astrônomos modernos. A Vulpeculae 1670 é a nova da qual temos o registro mais antigo e é, ao mesmo tempo, a mais tênue recuperada em observações posteriores.
O autor principal do novo estudo, Tomasz Kamiński, do ESO e Instituto Max Planck de Rádio Astronomia, em Bonn, na Alemanha, explica: “Durante muitos anos pensou-se que este objeto era uma nova, mas quanto mais estudávamos menos ele aparentava-se com uma nova normal — ou até com qualquer tipo de estrela em explosão”.
Quando apareceu pela primeira vez no céu, a Nova Vulpeculae 1670 era facilmente visível a olho nu e foi alterando de brilho durante dois anos, tornando-se a aparecer duas vezes antes de finalmente deixar de ser observada.
Apesar do poder dos telescópios ser cada vez maior, pensou-se durante muito tempo que o evento não teria deixado rastro, mas foi apenas nos anos 1980 que uma equipe de astrônomos detectou uma nebulosa tênue rodeando o local onde suponha-se a localização da estrela.
Apesar dessas observações terem fornecido uma ligação óbvia com a estrela de 1670, não conseguiram, no entanto, desvendar a verdadeira natureza do evento observado nos céus da Europa, há cerca de 300 anos.
Kamiński continua a contar: “Observamos agora está região nos comprimentos de onda do milímetro e do submilímetro e descobrimos que o meio que circula os resíduos da estrela está um gélido gás rico em moléculas, apresentando uma composição química muito incomum”.
isótopos do gás.
Com todos estes dados, obteve-se um panorama muito detalhado da área, o que permitiu saber de onde é que este material poderia ter surgido. O que a equipe descobriu foi que a massa do material frio era excessiva para ser produto de uma explosão de nova, sendo que as razões de isótopos que a equipe registrou em torno da Nova Vul 1670 eram distintas.
Mas, se não era uma nova, o que era então? A resposta é uma espetacular colisão entre duas estrelas, mais brilhantes que uma nova, mas menos que uma supernova, que produzem algo chamado transiente vermelha.
Trata-se de um fenômeno muito raro no qual as estrelas explodem devido a uma fusão entre si, ejetando material do interior estelar para o espaço e deixando eventualmente para trás apenas uma remanescente fraca envolta num ambiente frio, rico em moléculas e poeira.
Esta sequência de vídeo leva-nos até uma região muito rica da Via Láctea setentrional na Constelação da Raposa. Este local era onde situava-se a estrela brilhante que apareceu no céu em 1670, sendo documentada por muitos astrônomos na época. Crédito: © ESO/Digitized Sky Survey 2/N. Risinger (skysurvey.org); Reconhecimento: Davide De Martin; Música: Johan B. Monell (www.johanmonell.com)
Este objeto situa-se dentro dos limites da Constelação da Raposa, do outro lado da fronteira com a Constelação do Cisne. A Nova Vul 1670 foi nomeada como CK Vulpeculae, sendo também designada como uma estrela variável.
‣ Fonte: ESO (European Southern Observatory)
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