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segunda-feira, 9 de março de 2015

Astrônomos brasileiros descobriram dois aglomerados estelares distantes do disco galáctico

O aglomerado estelar Camargo 438. Crédito: © D. Camargo/NASA/WISE
 Astrônomos brasileiros utilizando dados do WISE (Wide-field Infrared Survey Explorer) descobriram dois aglomerados de formação estelar na borda mais distante da Via Láctea.

 A nossa galáxia possui uma forma espiral barrada, isto quer dizer que ela tem braços estelares, gás e poeira, circulando uma barra central. Observada de lado, a Via Láctea aparenta-se relativamente plana, com a maior parte do seu material em um disco e nas regiões centrais.

 As estrelas da nossa galáxia formam-se dentro de massivos e densos aglomerados de gás, chamadas de nuvens moleculares gigantes, que estão localizadas principalmente na parte mais interna do disco galáctico. Com muitos desses aglomerados em uma única nuvem molecular, a maior parte das estrelas nascem próximas umas das outras.


 O grupo de astrônomos liderados pelo Dr. Denilso Camargo, da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), em Porto Alegre, não somente encontrou gigantescas nuvens moleculares a milhares de anos-luz acima e abaixo do disco galáctico, mas encontrou também que uma delas inesperadamente contém dois aglomerados estelares, denominados de Camargo 438 e Camargo 439.

 Esta é a primeira vez que cientistas encontraram estrelas sendo formadas em locais tão remotos na nossa galáxia.

Camargo 439. Crédito: © D. Camargo/NASA/WISE
 “Os novos aglomerados estelares são verdadeiramente exóticos, em poucos milhões de anos, qualquer habitante de planetas ao redor das estrelas terá uma grande visão de fora da Via Láctea, algo que o ser humano provavelmente jamais terá a chance de experimentar”, disse o Dr. Camargo.

 Os aglomerados recém-descobertos estão dentro da nuvem molecular HRK 81.4-77.8. Essa nuvem, com aproximadamente dois milhões de anos, está a cerca de 16 mil anos-luz abaixo do disco galáctico, uma enorme distância das tradicionais regiões de formação estelar.

 Os astrônomos acreditam que existam duas possíveis explicações para isto. No primeiro caso, os violentos eventos como explosões de supernova podem ter expelido gás e poeira para fora do disco galáctico. O material então retorna fundindo-se no processo, formando as gigantescas nuvens moleculares.

 A outra hipótese é que interações entre a Via Láctea e suas galáxias satélites como a Pequena e a Grande Nuvem de Magalhães, podem ter perturbado o gás que retornou na Via Láctea, novamente levando à acreção de nuvens moleculares de estrelas.

 “Nosso trabalho apresenta que o espaço ao redor da Via Láctea é bem menos vazio do que pensava-se”, disse o Dr. Camargo, que é o principal autor do artigo publicado na revista MNRAS (Monthly Notices of the Royal Astronomical Society).

‣ Fonte (em inglês): Sci-News.com
‣ Via: CiencTec

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