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domingo, 1 de fevereiro de 2015

A boca do monstro — VLT registrou imagens do glóbulo cometário CG4

Tal como a boca escancarada de uma criatura celeste gigantesca, o glóbulo cometário CG4 brilha ameaçadoramente nesta nova imagem obtida pelo Very Large Telescope do ESO. Crédito: © ESO
  Tal como a boca escancarada de uma criatura celeste gigantesca, o glóbulo cometário CG4 brilha ameaçadoramente nesta nova imagem obtida pelo VLT (Very Large Telescope). Embora pareça grande e brilhante nesta composição, este objeto é, na realidade, uma nebulosa bastante tênue, o que a torna muito difícil de observá-la.

  A natureza exata de CG4 permanece um mistério. Em 1976 foram descobertos vários objetos alongados semelhantes com cometas em fotografias obtidas com o Telescópio Schmidt do Reino Unido, instalado na Austrália.


  Devido à sua aparência, estes objetos ficaram conhecidos por glóbulos cometários. Estão todos situados numa enorme região de gás brilhante chamada Nebulosa de Gum. Tinham núcleos densos, escuros e empoeirados e apresentavam caudas longas e tênues, que apontavam de maneira geral em direção contrária aos fragmentos da supernova da Vela, situados no centro da Nebulosa Gum.

Este mapa da constelação austral da Popa, demonstra a maioria das estrelas visíveis a olho nu numa noite escura e límpida. Está assinalada a localização do estranho glóbulo cometário CG4, embora este objeto seja tênue demais para poder ser observado. Crédito: © ESO, IAU e Sky & Telescope
  Embora estes objetos encontrem-se relativamente próximo de nós, os astrônomos levaram muito tempo para descobri-los, uma vez que o seu brilho é muito tênue, tornando-os assim muito difíceis de detectar. O objeto demostrado nesta nova imagem, CG4, é um destes glóbulos cometários. Situa-se a cerca de 1.300 anos-luz de distância da Terra na Constelação da Popa.

  O núcleo do CG4, que é a região que observa-se na imagem e se assemelha com a cabeça de um monstro gigantesco, tem um diâmetro de 1,5 anos-luz. A cauda do glóbulo — que se estende para baixo e não é visível na imagem — tem cerca de oito anos-luz de comprimento.

  Em termos astronômicos, trata-se de uma nuvem relativamente pequena. Este tamanho relativamente pequeno é uma característica geral dos glóbulos cometários. Todos os glóbulos cometários descobertos até hoje encontram-se em nuvens de gás e poeira na Via Láctea, aproximadamente pequenas e isoladas, rodeadas por material quente ionizado.

Esta imagem de grande angular revela uma região rica do céu na Constelação da Popa. No centro encontra-se o estranho glóbulo cometário CG4. Podem ser observadas igualmente outros objetos interessantes, incluindo várias galáxias em espiral muito mais distantes. Esta imagem a cores foi criada a partir de dados do Digitized Sky Survey 2. Crédito: © ESO & Digitized Sky Survey 2
  O núcleo do CG4 consiste numa nuvem espessa de gás e poeira, que apenas se observa por estar sendo iluminada pela radiação emitida de estrelas próximas. Esta radiação está destruindo gradualmente o núcleo do glóbulo e libertando pequenas partículas que dispersam a radiação estelar.

  No entanto, a nuvem empoeirada de CG4 ainda contém gás em quantidade suficiente para formar várias estrelas do tamanho do Sol e, efetivamente, CG4 está formando estrelas de forma ativa — formação estelar que, muito provavelmente, tem origem no momento em que a radiação emitida pelas estrelas que alimentam a Nebulosa Gum atinge CG4.

  O porquê do CG4 e outros glóbulos cometários apresentarem esta forma tão distinta é ainda uma questão em aberto, debatida entre os astrônomos, tendo havido duas teorias que se desenvolveram para explicar este efeito.

Esta sequência de vídeo começa com uma grande visão angular da Via Láctea austral e termina na Constelação da Popa, próximo do local onde encontra-se os fragmentos da supernova da Vela. A última imagem, apresenta o glóbulo cometário CG4. Crédito: © ESO/J.Perez/Digitized Sky Survey 2/N. Risinger (skysurvey.org)/Música: movetwo

  Os glóbulos cometários, e por isso também CG4, poderiam ser originalmente nebulosas esféricas, as quais teriam sido desfeitas e adquiriram estas novas formas incomuns devido aos efeitos da explosão de supernovas próximas. Outros astrônomos sugerem que os glóbulos cometários são esculpidos por ventos estelares e radiação ionizante, emitida por estrelas quentes massivas do tipo OB.

  Estes efeitos poderiam inicialmente levar às formações conhecidas pelos estranhos, mas apropriados, nomes de trombas de elefante e depois eventualmente a glóbulos cometários. O próximo passo na investigação destes objetos consiste em saber a sua massa, densidade, temperatura e velocidade do material nos glóbulos.

Esta sequência de vídeo panorâmico baseia-se em uma imagem obtida pelo Very Large Telescope. Crédito: © ESO/Música: movetwo

  Estes parâmetros podem ser determinados por medições de linhas espectrais moleculares, às quais se tem acesso fácil nos comprimentos de onda do milímetro — precisamente onde opera o ALMA (Atacama Large Millimeter/submillimeter Array).

  Esta composição foi obtida no âmbito do programa Joias Cósmicas do ESO, uma iniciativa no âmbito da divulgação científica, que visa obter imagens de objetos interessantes, intrigantes ou visualmente atrativos, utilizando os telescópios do ESO, para efeitos de educação e divulgação científica.

‣ Fonte: ESO (European Southern Observatory)
‣ Veja mais: www.goo.gl/uLY6Mz

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