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sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Análise de galáxias mostraram que o superaglomerado local é 100 vezes maior do que se pensava


Estudo conduzido por Brent Tully, astrônomo da Universidade do Havaí em Honolulu, registrou os movimentos de galáxias para inferir a distribuição gravitacional do Universo local e redesenhar seu mapa.

  De acordo com uma equipe de astrônomos, o superaglomerado de galáxias que inclui a Via Láctea é 100 vezes maior em volume e massa do que se pensava anteriormente. Eles mapearam essa imensa região e a nomearam de Laniakea — palavra de origem havaiana que significa “céu imensurável”.

  Galáxias tendem a ficar em grupos chamados de aglomerados; regiões em que esses aglomerados ficam em densos grupamentos são chamadas de superaglomerados.

  Mas a definição dessas massivas estruturas cósmicas é vaga. O novo estudo, publicado na Nature, descreve uma nova maneira de definir onde um superaglomerado acaba e outro começa.

  Uma equipe conduzida por Brent Tully, astrônomo da Universidade do Havaí em Honolulu, registrou os movimentos de galáxias para inferir a distribuição gravitacional do Universo local e redesenhar seu mapa. A equipe usou uma base de dados que compila as velocidades de oito mil galáxias, calculadas após subtrair a taxa média da expansão cósmica.

  “Todos esses desvios se devem ao arrasto gravitacional que galáxias experimentam a seu redor, oriundo da massa”, explica Tully.

  Os pesquisadores usaram um algoritmo para traduzir essas velocidades em um campo tridimensional de fluxo e densidade galácticas.

  “Nós não podemos alegar ter compreensão da cosmologia se não conseguirmos explicar esse movimento”, reconhece Tully.

  Esse método é mais sofisticado que simplesmente mapear a localização da matéria, porque permite que cientistas produzam um mapa de regiões não mapeadas do Universo, observa Paulo Lopes, astrofísico do Observatório Valongo, parte da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

  O método detecta a influência das galáxias em vez de observá-las diretamente. Além disso, os movimentos das galáxias refletem a distribuição de toda a matéria, não apenas daquela visível em nossos telescópios — incluindo a matéria escura.

  Descontando a expansão cósmica, o mapa mostra linhas de fluxo em que galáxias sentem o efeito da gravidade em sua região local (como demonstrada no vídeo).


  Com base nisso, a equipe define a fronteira de um superaglomerado como sendo a fronteira em que essas linhas de fluxo divergem. De um lado da linha, galáxias fluem na direção de um centro gravitacional; do outro lado, elas fluem na direção de outro.

  “É como a água se dividindo em uma cachoeira, onde ela flui para a direita ou para a esquerda de uma elevação no terreno”, compara Tully. Essa é uma definição completamente nova para um superaglomerado.

  No passado, cientistas localizavam a Via Láctea no Superaglomerado de Virgem, mas, sob a definição de Tully e seus colegas, essa região se torna apenas um apêndice de Laniakea, que tem 160 milhões de parsecs (unidade de medida usada para calcular distâncias astronômicas), ou 520 milhões de anos-luz de diâmetro, contendo a massa de 100 milhões de bilhões de sóis.

  É improvável, porém, que esse trabalho seja a palavra final na definição de superaglomerados, declara Gayoung Chon, astrônoma do Instituto Max Planck para Física Extraterrestre em Garching, na Alemanha.

  Sua equipe trabalha em uma definição diferente, baseada em superaglomerados sendo estruturas que um dia colapsarão em um único objeto. Ela estima que isso não acontecerá com Laniakea, porque algumas de suas galáxias se afastarão umas das outras para sempre.

  “A definição usada realmente depende das questões que queremos responder”.

  “O método mais recente é uma ótima maneira de mapear as estruturas de grande escala do Universo, mas ele não pergunta o que acontecerá com esses superaglomerados no futuro”, aponta ela.

  Lopes observa que, ainda que o mapa seja compreensivo para o Universo ao redor da Via Láctea, suas medidas se tornam menos precisas, e menos numerosas, com a distância.

  Ele adiciona que, atualmente, essa é a maior possível fonte de erros da técnica, mas a adição de mais medidas galácticas aperfeiçoará o mapa e poderia ajudar cientistas a rastrear totalmente o que está por trás do movimento de nosso Grupo Local de galáxias.

‣ Fonte (em inglês): Nature
‣ Via: Scientific American Brasil

Um comentário:

  1. Cada vez somos mais pequenos,ou temos consciência da pequenez da nossa grandeza

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