A equipe usou uma lupa do tamanho de uma galáxia para ver detalhes que de outro modo seriam impossíveis de detectar. Este novo estudo da galáxia H-ATLAS J142935.3-002836 mostrou que este objeto complexo e distante se parece com as Galáxias Antena, uma colisão local bem conhecida.
O famoso detetive Sherlock Holmes usava uma lupa para descobrir as pistas quase invisíveis mas importantes dos seus casos. Do mesmo modo, os astrônomos combinaram o poder de muitos telescópios na Terra e no espaço com uma enorme lupa cósmica para estudar um caso de formação estelar vigorosa no Universo primordial.
“Einstein previu na sua teoria da relatividade geral que, dada bastante massa, a luz não viaja em linha reta mas curva-se, da mesma maneira que a luz é refratada por uma lente normal”.
Estas lentes cósmicas são criadas por estruturas massivas como galáxias ou aglomerados de galáxias, as quais defletem a luz dos objetos que se encontram por trás, devido à sua forte gravidade — um efeito chamado lente gravitacional.
As propriedades de ampliação deste efeito permitem aos astrônomos estudar objetos que, de outro modo, não seriam visíveis e comparar diretamente galáxias locais com outras muito mais remotas, observadas quando o Universo era significativamente mais novo.
“Estes alinhamentos ocasionais são bastante raros e tendem a ser difíceis de identificar”, acrescenta Hugo Messias, “no entanto, estudos recentes mostraram que observando nos comprimentos de onda do infravermelho longínquo e do milímetro conseguimos encontrar estes casos de forma mais eficaz”.
A H-ATLAS J142935.3-002836 (ou apenas H1429-0028, para simplificar) trata-se de uma destas fontes e foi encontrada pelo rastreio Herschel Astrophysical Terahertz Large Area (H-ATLAS).
Apesar de muito tênue em imagens no visível, esta galáxia encontra-se entre os mais brilhantes objetos encontrados até à data, ampliados gravitacionalmente no infravermelho longínquo, embora o estejamos a observar numa altura em que o Universo tinha apenas metade da sua idade atual.
Os diferentes telescópios forneceram diferentes informações, que foram posteriormente combinadas e permitiram obter o melhor conhecimento conseguido até hoje sobre a natureza deste objeto tão incomum. As imagens Hubble e Keck revelaram um detalhado anel de luz, induzido gravitacionalmente, em torno da galáxia situada em primeiro plano.
Estas imagens de alta resolução mostraram igualmente que a galáxia lente é uma galáxia de disco vista de lado — semelhante à nossa própria Galáxia, a Via Láctea — a qual obscurece parte da radiação do campo de fundo devido às enormes nuvens de poeira que contém.
Esta sequência vídeo começa com uma vista da maior parte do céu, levando-nos seguidamente para uma zona mais profunda aparentemente pouca populada na Constelação de Virgem. No centro, não diferente de muitos outros pontos tênues, encontra-se um objeto notável, uma galáxia longínqua em fusão, observada através de uma lente gravitacional. Crédito: © ESO/NASA/ESA/W. M. Keck Observatory/Digitized Sky Survey 2. Música: movetwo
A partir desse momento, tanto o ALMA como o JVLA desempenharam um papel fundamental na caracterização do objeto. Em particular, o ALMA traçou o monóxido de carbono, o qual permite fazer estudos detalhados dos mecanismos de formação estelar nas galáxias.
As observações ALMA permitiram também fazer a medição do movimento do material no sistema de fundo, verificando-se assim que o objeto estava realmente a sofrer colisão galáctica e a formar centenas de novas estrelas por ano. Uma das galáxias em colisão mostra ainda sinais de rotação: uma indicação de que se tratava de uma galáxia de disco antes do encontro.
Esta impressão artística mostra como é que o efeito de lente gravitacional amplifica, torna mais brilhante e distorce a aparência de uma galáxia remota em fusão, situada muito por trás da galáxia lente. O ponto de vista do observador movimenta-se de lado, de modo que a galáxia distante aparece primeiro de um lado, bastante tênue, e depois aparece mesmo por trás do objeto em primeiro plano, ficando bastante amplificada e vendo-se aumentado o seu brilho total aparente. Crédito: © ESO/M. Kornmesser
Enquanto o sistema Antena forma estrelas a uma taxa de apenas algumas dezenas de massas solares por ano, a H1429-0028 transforma mais de 400 vezes da massa do Sol em gás em novas estrelas todos os anos. Rob Ivison, Diretor de Ciência do ESO e coautor do novo estudo conclui: “O ALMA permitiu-nos resolver esta questão porque nos deu informação acerca da velocidade do gás nas galáxias, informação esta que permitiu separar os diversos componentes, revelando a assinatura clássica de uma colisão de galáxias”.
“Este estudo apanhou a colisão no momento em que esta começa a dar origem a um episódio extremo de formação estelar”.
Artigo científico:
Entre os telescópios utilizados neste estudo encontravam-se três do ESO — ALMA, APEX e VISTA. Os outros telescópios e rastreios usados foram: o Telescópio Espacial Hubble da NASA/ESA, o telescópio Gemini South, o telescópio Keck-II, o Telescópio Espacial Spitzer da NASA, a rede Jansky Very Large Array, CARMA, IRAM, SDSS e WISE.
‣ Fonte: ESO (European Southern Observatory)
Eu sempre penso.. Se ha galáxias vagando e colidindo por ai.. Elas podem estar em orbita de alguma coisa extremamente grande..
ResponderExcluir